Estou só “comigos”!

Estou só “comigos”!

Estou me sentido mais só que um mártir na hora de sua execução, mas ninguém aplaudirá o silêncio que me perturba. Impossível para os néscios de vida ouvir o brado estridente e entredentes do mundo interno habitado por minha solidão.

A multidão faz o seu carnaval e em uma procissão se arrasta em busca de um destino, porém, vivo perdido nos labirintos (sim, labirintos) de mim mesmo. Não há novidade! Até a natureza, sua imensidão e complexidade, não me surpreende mais; tudo passou a ser óbvio. O homem, bicho manipulador (homo-demiens), consegue descobrir acontecimentos antes mesmo do preâmbulo do espetáculo. Já não sinto os calafrios que o medo provoca, tampouco, assusto-me com fantasmas nas noites. Há demônios e deuses, mas preferem erguer o singular.

Grito durante a noite e de dia – meu grito regurgita vida, todavia, ouço os ecos do silêncio. Eu ouço o silêncio!

Estou me sentido só, mas, não estou sozinho!

Vivo habitado por “mins”, vários eus convivendo na angústia de estar. Sempre nos indagamos:

- Estamos, por enquanto, mas , será por conseguinte.

Vivemos entre vida e morte; caminho.

Aqueles que apertaram a minha mão, por favor, lavem-na. Elas estão sujas do sangue das palavras proferidas no escuro silencioso de mim mesmo. A palavra, hemorragia de sentidos, não se estanca para quem mexe nas feridas do mundo.

Sou eu o próprio silêncio e quem se atrever a me perturbar, peça permissão a ele, e, depois, venha com poucas palavras, pois já estou farto do som repetitivo e justificativo; comunicação para aceitação.

Estou na solidão de mim mesmo e acompanhado do silêncio ensurdecedor do eco que profere o meu abismo. Tropecei e cai no precipício; o fundo é fundo sem fundo e é lá onde estou. Não estou!

Estou, mas não me encontrará. Bata e não abrirei. Peça e não darei. Sou o contrário do que sou e não sou! Afirmo somente nas pontuações, contudo (tudo) não confirmo.

Estou só “comigos”!

Mário Paternostro