A praça

Eu levo a cachorrinha para passear todos os dias. Não é minha, é de meu filho. É de raça alemã, tem dez anos, parece ter dois. Seu latido é esganiçado e quando chega alguém ela late sem parar de alegria. Mas irrita. Nessa praça, fica quieta e cheira tudo. E eu olho a paisagem ainda fresca pela chuva que caiu. Acordo cedo e vejo a moça que faz tapioca na esquina Muita gente em volta. Tapioca com mel, com leite condensado, com queijo -passo longe -dá vontade de comer dez.

As pessoas conversam enquanto comem, é simpático de se ver, logo de manhã gente que se confraterniza através da alimentação. Entro na praça e cumprimento os varredores. Vão varrendo e fazendo montinhos

que depois colocam no carrinho. Alguns cantam. A moça está sentada num dos bancos e diz bom-dia baixinho. Não sei se espera por alguém ou se chegou cedo para trabalhar e a porta ainda não se abriu . O homem está do outro lado, perto da fonte. Usa roupas descoladas e óculos escuros. É magro e a corrente no seu peito balança meio aflita. Olha para o nada e, assim como o nada, desaparece num de repente. Subindo a ladeira, o homem de cabelos brancos parece apreciar a paisagem .Também desaparece quando o sol caminha entre as árvores e diz bom dia. A praça se inunda de luz.

Vosmecê
Enviado por Vosmecê em 10/12/2014
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