VAMOS COMPLETAR A ROTAÇÃO DA TERRA

Os homens estão movimentando a esfera gigantesca, construindo o dia, a noite o dia-noite.

Os namorados estão deslumbrados, contemplando a lua. Os quatis pulam dos galhos e a morte ainda não veio. As brincadeiras cândidas dos senis e as violências dos infantes é que assustam.

O cano do fuzil ficou exposto na outra esquina: era um menino que brincava, e o brinquedo sórdido sugeriu a pergunta: “A vida é levada a serio?”. E a vida manifestou-se uma brincadeira tão irônica, tão mísera, tão nefasta.

Como um fuzil que estava com os combatentes da Tirania veio parar em mãos pueris?

Dois irmãos disputam uma mesma canoa, vão pescar um para cada lado. Vão colher peixe miúdo e dividir o rio em dois territórios. Indígenas daqui, índios de lá.

Há tempos os índios não queriam ser brancos para não serem tachados de invasores, desflorestadores, assassinos e cruéis. Hoje índios não querem ser primitivos para não serem chamados de estúpidos.

O morro daqui é contra o morro de lá e as balas zoam brilhantes, iluminando a noite pavorosa como em Gaza.

A Terra perdeu o fôlego, o poder de rotação, está parando.

Força! Vamos completar a rotação da Terra!

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 10/12/2014
Código do texto: T5064938
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