RETRATO DO BRASIL
No bairro onde moro existia uma agência do HSBC cuja sede fica em Hong Kong e que tem filiais espalhadas por todo o mundo. Essa agência é hoje do Bradesco que, recentemente, comprou esse banco no Brasil.
Frequento esse estabelecimento há muito tempo, é grande e ostenta certo luxo. Na área onde ficam os caixas e o atendimento ao público há um espaço com poltronas para os clientes sentarem enquanto aguardam o chamado por senhas em um dispositivo eletrônico. A parede desse recinto é toda de vidro, dando para a calçada de uma avenida movimentada. Do lado de fora dessa enorme vidraça há uma larga marquise que teria a função de proteger os vidros do sol e também os pedestres.
Acontece que, desvirtuada de sua função, a marquise protege uma família inteira que mora sob esse teto improvisado há bastante tempo. Arranjaram uns colchões velhos, alguns cobertores esfarrapados e lá se estabeleceram, inclusive na companhia de seu pet.
Os clientes do banco, sentados em suas poltronas, aguardando a vez para o atendimento, acompanham através dessa "vitrine" o cotidiano da família, que ali dorme, faz as refeições e acumula seus pertences e muito lixo. Não seria um espaço totalmente desconfortável se o clima de Curitiba não fosse tão frio e não houvesse a falta de higiene, pois não existe um providencial banheiro para as necessidades mais imediatas.
Os moradores de rua nem se incomodam com os olhares e comentários da platéia diária que acompanha seus movimentos. Não há nenhum constrangimento de sua parte. Constrangidos e impotentes ficam os clientes do banco. A cena lembra um Big Brother sem nenhum glamour e, pior, onde os atores não recebem cachê.
É o retrato do Brasil, pintado com pinceladas fortes de realidade, sem nenhum retoque, que vamos nos acostumando a ver e que, pouco a pouco, vai perdendo a capacidade de nos chocar.
No bairro onde moro existia uma agência do HSBC cuja sede fica em Hong Kong e que tem filiais espalhadas por todo o mundo. Essa agência é hoje do Bradesco que, recentemente, comprou esse banco no Brasil.
Frequento esse estabelecimento há muito tempo, é grande e ostenta certo luxo. Na área onde ficam os caixas e o atendimento ao público há um espaço com poltronas para os clientes sentarem enquanto aguardam o chamado por senhas em um dispositivo eletrônico. A parede desse recinto é toda de vidro, dando para a calçada de uma avenida movimentada. Do lado de fora dessa enorme vidraça há uma larga marquise que teria a função de proteger os vidros do sol e também os pedestres.
Acontece que, desvirtuada de sua função, a marquise protege uma família inteira que mora sob esse teto improvisado há bastante tempo. Arranjaram uns colchões velhos, alguns cobertores esfarrapados e lá se estabeleceram, inclusive na companhia de seu pet.
Os clientes do banco, sentados em suas poltronas, aguardando a vez para o atendimento, acompanham através dessa "vitrine" o cotidiano da família, que ali dorme, faz as refeições e acumula seus pertences e muito lixo. Não seria um espaço totalmente desconfortável se o clima de Curitiba não fosse tão frio e não houvesse a falta de higiene, pois não existe um providencial banheiro para as necessidades mais imediatas.
Os moradores de rua nem se incomodam com os olhares e comentários da platéia diária que acompanha seus movimentos. Não há nenhum constrangimento de sua parte. Constrangidos e impotentes ficam os clientes do banco. A cena lembra um Big Brother sem nenhum glamour e, pior, onde os atores não recebem cachê.
É o retrato do Brasil, pintado com pinceladas fortes de realidade, sem nenhum retoque, que vamos nos acostumando a ver e que, pouco a pouco, vai perdendo a capacidade de nos chocar.