Olhando os caminhos da vida
A estrada está a minha frente, com mil proposições e convites; milhares são os seres que perpassam e me ladeiam nesta insana busca de algo , quiçá, desconhecido. Venho de tempos passados, de caminhos perdidos no tempo e no espaço, num buscar frenético de conhecer o amanhã, mas, jamais, sem desligar-me do passado; passado este que me moldou os passos, os traços, as verdades, que, hoje, me preenchem a alma e, quando preciso, me dão a calma necessária para poder sorrir.
Volto, na nave imemorial do tempo, e me vejo um menino serelepe, fagueiro, com as nuances próprias do meu tempo infantil. Tudo era novo, tudo era possível, dentro do meu infantil onirismo o qual, de maneira rápida fazia-me sonhar com um longínquo tempo de um amanhã desconhecido; mas isso não importava tanto, eis que me valia o meu cavalo de taquara e a minha boiada de sabugos, os quais eu tangia com carinho para um pequeno curral, criado para protege-los contra tudo e contra todos. Lindo tempo, cujas marcas permanecem indeléveis em minha alma.
De repente, já tinha sete anos e fui matriculado na escola, pois, como o meu velho pai dizia: "Quem não estuda fica burro e depois vai puxar carreta junto com os bois!" Ora, isso me assustava e, assim iniciei a minha caminhada no caminho da busca dos conhecimentos necessários para minha preparação para o futuro. Meu primeiro dia de aula, foi de surpresa total; a professora, com uma coisa branca que soltava pó - depois aprendi que o nome era giz - escrevia uma formas engraçadas no quadro negro e, de modo carinhoso, apontando para cada letra, dava o seu nome; depois tínhamos de tentar copiar em nosso caderno, o que era quase impossível. Mas aquela anjo educador, tomava nossas mãos e segurando-as nos mostrava como escrever. Lindo e doce tempo de tanta ternura, de tanto carinho e simplicidade, que vou levar dentro de minha alma, num cantinho aveludado de meu velho coração.
Foram cinco anos, do 1º ao 5º do primário, ou seja quase 1.800 dias de caminhada juntos, mas hoje eu pergunto: Qual o nome deles, onde estarão cada um deles - vivos ou mortos - pois a vida, que nos uniu de modo inesperado, também levou para caminhos diversos. Mas eu, vou lá no fundo da alma e encontro alguns nomes: Professora Carmem, Ambrosina, Edi, tia Ida, que nos fornecia um gostoso lanche na hora do nosso recreio e, que de modo carinhoso, no inverno, colocava nossos calçados para secar próximo ao fogão da cozinha da escola.
O Exame de Admissão ao Ginásio, era quase um vestibular; tínhamos provas escritas e orais para podermos, alcançando média irmos cursar o ginásio, o qual, quando da formatura, dava direito a anel! Bons e inesquecíveis tempos, que a voragem da vida devora a cada instante, eis que muda a cada segundo, a cada fração de tempo, mas não consegue retirar nossas lembranças, nossas histórias vividas e vivenciadas ao longo deste jornada chamada vida humana.
Depois a profissão, os trabalho vivido por trinta anos, quando dei o melhor de minha juventude, de minha meia idade, para construir a condições de ter um boa e protegida velhice.
Hoje, do alto de meus 72 anos, bem vividos e plenos de muita paz e felicidade, junto a minha maravilhosa família e ao cabedal de meus inúmeros amigos, paro para pensar: Valeu a pena, tudo o que fiz e tudo o que vivi? A resposta que vem do fundo de meu coração é um SIM o qual me reafirma minha caminhada vitoriosa e feliz. Amei, amo e amarei; fui, sou e serei muito amado e isto me dá um paz de espírito a me fazer alguém que pode afirmar: Trilhei milhões caminhos, piseis em muitos espinhos, mas jamais senti solidão, pois tive, tenho e terei sempre DEUS enchendo de paz o meu coração.