O sonho que eu tive há dois anos e pouco atrás...
A crônica do dia não é muito grande. Sucinta, por sinal, ela reflete partes da minha vida, com riqueza de detalhes - tão rica quanto as minhas experiências e meus sonhos. E sobre eles é que eu falarei hoje.
Uma vez, há uns dois anos e poucos dias atrás, em um dos sonhos que tive, me encontrava em casa.
Morava sozinho.
Eu via só, em um deterninado dia, um jogo pela TV. Entre os lances da partida, fiquei sentindo um enorme vazio. Não tinha ao meu lado uma pessoa que pudesse compartilhar comigo os detalhes do jogo.
Terminando a partida com a goleada do meu time, não tinha com quem comemorar. Mesmo em minha casa imobiliada - tendo de tudo e do melhor, com vélox, telefone, armários lindos, dois jogos de sofá e uma casa com 2 quartos, uma suíte, uma sala de visitas e outra sala, um escritório, 2 banheiros e uma cozinha -, me sentia muito só. Sem ninguém para conversar ou, ao menos, me ouvir e fazer companhia.
Tentei gritar... em vão. Quase nenhum vizinho me ouvia.
Continuei com a TV ligada e nenhum programa atraente vinha.
Até que, enfadado dela, desligo e vou ouvir os comentários do jogo, com o humorado Gérson (o "canhotinha de ouro") e Eraldo Leite. Terminado o programa, em minha neurose, fui à Band News e só ouvi as mesmas notícias que eu já sabia há 6 horas atrás.
Aff!
Fiquei tão enfastiado que desliguei o rádio e tratei de ligar o computador para acessar a internet.
Fui ver meus e-mails. Nada havia de interessante, senão as mensagens coletivas banais e spams. Para variar, tentei quebrar a solidão em uma sala de bate-papo. Entretanto, para a minha maior frustração, não tinha ninguém que pudesse preencher a minha solidão.
Foi o momento que desconectei o computador da internet e desliguei.
Desanimado e sem forças para fazer mais outra coisa, saí de casa, perambulando pelas ruas do meu bairro. Percorri a Praça Saiqui e andei pela Arcozelos, até a parte mais alta de Vila Valqueire. Próximo de um coreto, olhei no alto todo o bairro.
Entre a minha solidão e a vontade de conversar com Deus e comigo mesmo, chega, de repente, uma moça de cabelos castanhos. Branca, com estatura similar a mim, com belas curvas e bustos médios para fartos. Sensível, romântica e, ao mesmo tempo, irreverente, ela passava a mesma coisa que estava passando naquele momento.
Era uma linda mulher.
Entre uma conversa e outra, começamos a nos conhecer, entre risos, lembranças e reflexões. Compartilhávamos juntos das nossas experiências solitárias. Nossas manias, passatempos e características.
Em um determinado instante, ela, em um ato de coragem, deu-me as suas mãos e, depois de um olhar bem profundo, começou a me beijar...
Foi na hora que a minha mãe me acordou:
- Wendel! Acorde, Wendel!
O sonho acabou e a oportunidade de beijar se foi.
Que pena!
Quem mais perdeu fui eu.