...e o parecer continua...

E sigo cá com minha especulação expositiva sobre a válvula sangüínea, a que motivou tantos poetas e assassinos, ambos a realizarem seus adventos. Em certo momento da história do homem, acreditava-se que o coração era responsável por coordenar nossos movimentos, e que através dele o ser humano pensava. Não duvido de que alguns indivíduos que conheço realmente sejam assim. Alguns deles carregam no peito o que chamo de coração-traído .

E quem não conhece o coração-etanol? Diz uma amiga minha, que é especialista (não no coração, mas no etanol, até o que me permitiu saber), que essa substância “causa um estrago danado”. Pois é. Coincide bem com algumas fases da vida, em que se troca o dia pela noite, em que às vezes se esquece até o próprio nome, e, em alguns dias, não dá nem para guardar o carro na garagem. Essa substância é volátil. E, quando ingerida em alta quantidade, hipnótica. Andar com um sujeito desses é como viver o inferno, no céu. Ou ser o próprio sujeito é pior: causa cirrose. Em caso de sobrevivência, são grandes as chances de se acabar a vida na sarjeta; talvez, com um dos lados do corpo paralisado; ou levando umas trinta facadas em algum botequim. Ou colecionando inimigos e amigos de copo (há diferença?)

E por aí vai: cada qual escolhe o comportamento de seu coração. Muitos deles, se não existissem, tornariam o mundo menos colorido. Como são brilhantes os que têm coração-de-mãe! Há também os corações-de-manteiga, os de pedra, os de chocolate! Que ficam para a sobremesa, claro.

E é esse bichinho dentro da gente que não pára, é a única batida, o único som que ressoa incessantemente ao longo de toda a nossa vida. Como uma música de fundo. Que não ouvimos. Mas que toca para os outros que acompanham nossa trajetória, conforme o instrumento que dele fizermos.

E os movimentos do ser humano clamam por um toque de coração. Qual é o seu?

Adeus!

Edson JR
Enviado por Edson JR em 29/05/2007
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