PLÁGIO
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“ A prática do plágio é como ganho de dinheiro sujo; além de maléfica, vicia e sepulta a força criadora do homem.”
(do autor)”
Estava eu, tranquilamente, assistindo um filme na telinha, cujo título era “Que Delícia de Guerra”, americano de origem, uma comédia que satirizava o horror dessa estúpida violência. Enquanto pobres soldados eram imolados no campo de batalha, a alta sociedade e a oficialidade superior, envergando seus engalanados uniformes, longe do conflito, divertiam-se à larga nos salões ricamente adornados, ao som de afinada orquestra.
Meu ouvido atento, captou os acordes ao fundo e, com total espanto, percebi que a música era, sem tirar, nem pôr, o hino do América Futebol Clube, do Rio de Janeiro!
Pesquisando e pedindo ajuda a meu filho, apurei que a música teria sido executada num musical da Broadway em 1912, no Ziegfield Follies e, após, adotada como hino da Universidade de Cambridge, para incentivar seus remadores na até hoje disputada regata contra a tradicional rival, Oxford.
Então, como o hino do América surgiu em 1946, não há como o seu criador, o renomado Lamartine Babo, deixar de ser acusado de plagiador. Aliás, não seria de causar espanto, pois o velho Lamartine, sem nenhum conhecimento teórico de música, conseguiu compor os 6 mais bonitos hinos num só dia!
Plágio, cujo significado, segundo o Aurélio, é “O ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, pintura, fotografia etc) da qual não seja o legítimo autor.”
A história está cheia de exemplos clássicos de plágio e até o presidente Putin, da Rússia, foi acusado dessa malfadada prática e, na música do nosso país, muita gente boa fez a mesma coisa. .
Na música, considera-se plágio quando alguns poucos compassos são iguais. Na literatura admite-se um pouco mais do que uma frase.
Mas, tanto numa, como noutra atividade, quando a obra plagiada é descarada, ou seja; é a reprodução “ipsis litteris” do texto original, como a do filme a que me referi, então não há a menor dúvida.
Todos poderemos ser influenciados por alguém que pareça traduzir nosso próprio pensamento; isso é natural e até benigno, mas daí a nos apossarmos de criações dele, vai uma abismal diferença.
Quem pratica tal ato, o pseudo autor, ao fazê-lo, abdica da qualidade maior que possui, que é o seu amor próprio, sua autoestima, seu orgulho! E o pior é que adquire o vício e vai continuar enganando-se e, também, aos que crêem nele e exaltam suas criações, pois são miseravelmente ludibriados.
O alerta que, nesse caso, podemos passar, está expresso no refrão popular que sentencia: “Mais depressa se pega um mentiroso do que um coxo.”
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(dedicado a todos que, com esforço próprio, continuam a criar beleza, a encantar a vida e a dar exemplo de pertinácia e talento)