Sonhos
Era um rapaz que fabricava sonhos.
Doces, leves e encantadores.
Distribui sonhos e os trocava por abraços.
Não os vendia.
Entregava-os pelo bel-prazer de disseminar sonhos entre as pessoas.
Perambulava pelas ruas da cidade, nas praças e no comércio.
- Que louco aquele garoto não vender sonhos!
A quem não aceitasse seus sonhos. A quem os rejeitasse grotescamente. A quem nem os visse, por tamanha rapidez de seus passos.
Os que não eram entregues voltavam com o rapaz para sua casa. Não eram reaproveitados, nem iam para o lixo. Ficavam lá. Eram únicos.
O rapaz sentava-se horas frente aos sonhos esquecidos
- O que haveria de errado com aqueles sonhos?
Postava-se a fabricar mais tantos outros.
Distribuía-os no dia seguinte, e voltava com mais outros tantos.
Não conseguia entender por que tanto asco com os sonhos. Nem por que tanta pressa.
- Será que devo vendê-los para adquirirem valor? Trocá-los por dinheiro ao invés de abraços?
Que louco esse mundo onde tentam vender sonhos.