Respeito à autonomia
Ter autonomia requer um pouco de trabalho. Sim, trabalho. São lutas que precisamos vencer a cada impedimento de gritar pelo o que somos, pensamos, queremos e acreditamos. Essa luta começa quando somos crianças. Queremos ter o direito a escolher e de ter voz ativa, mas somos podados pelo cuidado e o amor de nossos pais. O tempo passa e são mais lutas perdidas. O número de obstáculos aumentou. Agora são os amigos, professores, colegas e até o governo.
Afinal de contas, qual o problema de perdermos alguns direitos à autonomia? Temos dois. A primeira é que acabamos nos anulando. São tantas tentativas frustradas e seguidas de "é para o seu bem", "eu sei o que é o melhor para você", "sei do que eu falo" etc. que acabamos nos acomodando e levando essas frases ao pé da letra, ao ponto de engolirmos a seco para não magoarmos as pessoas ou por acreditarmos que realmente estamos equivocados. A segunda é que acabamos reproduzindo aquilo que falaram e fizeram conosco. Esquecemos que o outro tem desejos, anseios e opiniões nem sempre iguais às nossas. Acabamos exagerando no egoísmo com a justificativa de que foi por amor, cuidado etc. e acabamos insistindo para que o outro compre o nosso kit sobrevivência e sabedoria.
O mundo anda com pressa, mas não devemos esquecer que o outro não gosta de cebola no sanduíche ou que prefere perfume mais suave ou que prefere samba a bossa nova ou que tem trauma de andar de avião ou que só come marca "x" de chocolate etc. . Não custa nada perguntar, saber e conhecer mais o outro. Insistir, impor ou achar que o outro vai aceitar o seu "embrulho" só mostra o quanto você não aprendeu nada sobre o que é respeito à autonomia humana. Não seja um opressor, seja um libertador.