A rua.

Uma das coisas que me veio em mente ontem, perto da madrugada de sábado, perto de dormir, foi a lembrança da percepção que eu tenho toda vez que passo por algum estabelecimento, por alguma porta aberta ou quando a própria que escreve está lá , infortunada lá dentro. Tanto as pessoas que estão dentro daquelas portas, quanto as que passam por ali não se cansam de olhar umas para as outras. Deduzi que, as que estão dentro das portas, as que se mostram tão atentas aos movimentos externos procuram algo melhor para fazer ou saber. Precisam da rua, extrair algo, alguma coisa, precisam saber. Alguns que estão presos por algum compromisso, dentro e nestas casas que abrigam gente, desistem do combinado, sei lá, porque vai demorar, por poder deixar para depois, ou por não se caber de curiosidade, para saber o que as ruas podem lhes oferecer, vão pra rua, para as esquinas, não se aquietam e em ritmo futurista todo dia saem para elas, para as pistas. Os mesmos homens e mulheres e crianças, que se encontram na ciranda secular social e homogênea, diferente todo dia, como andarilhos que voltavam das regiões frias do mundo antigo, comportam-se, voltando das avenidas, dos trancos e barrancos, cheios de novidades, descobrimentos, e nem ligam se o irão chamar de especuladores ou fofoqueiros, foi a rua que lhes contou que a noticia deve ser compartilhada, AUMENTADA, e nunca guardada.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 06/12/2014
Reeditado em 06/12/2014
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