Dois depoimentos sobre o uniforme padronizado
Em seu primeiro dia de serviço, a doméstica pediu para sua patroa providenciar o novo uniforme de trabalho, já que o dela estava bastante ‘gasto’ pelo tempo.
A patroa a olhou por alguns segundos e acenou que sim com a cabeça.
Na tarde seguinte foi surpreendida com 12 novos vestidos e a patroa lhe pediu que provasse todos e escolhesse seis, de seu agrado - um para cada dia de trabalho.
Não era isso que ela esperava, se referia a um uniforme padronizado, aquele que identifica a pessoa nos seus afazeres.
A patroa explicou que não gostava desse padrão de comportamento. “Vivemos novos tempos. Uniforme de domésticas e de babás é coisa que só se vê em novelas brasileiras”, argumentou.
Dias desses, uma funcionária de uma conceituada empresa estatal ligada à comunicação segredou a amigas que simplesmente odeia seu uniforme de trabalho, e por diversos motivos.
Nem todos são sob medida - sem contar que quando ela engorda ‘um pouquinho’ ou emagrece, o uniforme fica desajustado no corpo.
E a cor?
- Hummm... Também odeio. Todo o santo dia aquela mesma cor. Ninguém Merece! Sem esquecer que nem sempre a cor da vestimenta combina com o humor da gente.
(Mulher sabe a que ela se refere).
É claro que as grandes empresas, apesar desses argumentos, não irão abolir essa formalidade. Afinal, o uniforme padronizado ‘identifica’ a empresa. E nem vamos entrar em detalhes sobre o fortíssimo lobby dos fabricantes que avaliariam o ato como falência moral.
– Em breve, funcionárias se darão o direito de irem ao trabalho de biquíni! Dirão.
(De biquíni nem tanto, mas em cidades em que o verão chega a 40 graus, por que não um shortinho?).
Sobre ‘identificação’ questiona a funcionária: - E para que serve o cartão de identificação funcional (crachá) pendurado no pescoço?
É. Tem razão!
Mas há quem considere a medida prática. Economiza na aquisição de roupas adequadas à função, principalmente quando se atém no atendimento diário a pessoas. Isso é: tem que se vestir com estremo bom gosto, e isso custa caro.
A funcionária queixosa alega ainda que o tal uniforme ‘esconde’ toda a feminilidade, que nos dias de hoje é fator preponderante para um futuro, digamos, quase feliz.
Sobre isso, alguém questionou se não dava para deixar aberto pelo menos um botão da camisa - o primeiro, aquele um pouquinho abaixo do pescoço?
- Dá só duas vezes, respondeu com fisionomia desanimada. - Na primeira vez é advertida e na segunda, despedida.
E ponto final.