DESABAFO - 100ª CRÔNICA

No mundo das ideias, nem sempre aquilo que projetamos tem possibilidade de tornar-se algo concreto, sólido e real... vagamos por expectativas idealizadas e navegamos inconscientemente nas águas da ilusão. Quando adentramos na realidade do nosso cotidiano, e as perspectivas tornam-se frustradas... é quase improvável diagnosticar a reação à adversidade.

Particularmente, imaginei que eu criaria um buraco negro - uma singularidade em que todas as emoções, sentimentos e consciência se condensariam em um pequeno e único ponto, e que acabaria me destruindo... não aconteceu isso.

O auto-conhecimento e uma dose superlativa de fé nortearam a minha jornada particular para o presente e o futuro, na tentativa de esquivar das inconveniências do passado - que de forma sinestésica, assolam minhas lembranças e eventualmente meus sonhos.

É uma fuga sim... não tenho o que dizer... o passado é imutável, e as consequências e sentimentos são perenes... cumpre a mim a simples tarefa de permitir a autocomiseração absoluta, ou simplesmente prosseguir.

Até pouco tempo atrás, não conseguia me enxergar no espelho... muito menos tirar fotografias... uma espécie de aversão a minha própria imagem. Parecia que eu somente conseguia projetar a imagem de uma sucessão de mágoas, remorsos, desilusões e fracassos. Na verdade, eu enxergava além do reflexo refletido no espelho... a minha face oculta.

Obviamente, não gosto desse "eu"... esse ego é parte da minha consciência, da minha psique... mas com todas as minhas forças, eu luto para controlar. Mas não é fácil, quando aparentemente tudo e todos apontam o caminho do desequilíbrio.

Há obstáculos que não preciso enfrentar; outros que é minha obrigação enfrentar de peito aberto... não cheguei ao grau de egoísmo de pensar apenas naquilo que é bom para mim. Mas pelo menos aprendi a abrir mão de relações preciosas que eram nocivas.

Nessa minha trajetória recente, prejudiquei a minha saúde psíquica e física... somatizei muitas emoções e sentimentos ao ponto de não suportar a pressão... e mais uma vez acabei sendo abençoado... não era a minha hora, e tive mais uma chance.

Não sei para quais opções de caminho eu ainda terei de optar até o final de minha vida... mas estou em um momento em que não posso me permitir olhar para o retrovisor. Há luzes de esperança no horizonte, e mais do que chegar até o final da minha trilha, eu quero aproveitar intensamente cada momento dessa jornada.

Bem... em 256 dias, conclui a minha centésima crônica... não sei ao certo se vou continuar escrevendo - eu queria um desafio, no sentido de saber se eu conseguiria ter uma produção constante... poderia ter terminado em menor tempo, mas alguns eventos prejudicaram esse trabalho. Agradeço a todos que acompanharam ou leram alguns dos meus textos. Fiquem com Deus.

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 01/12/2014
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