EMPECILHO CULTURAL
Escrevi um modesto livro de poesias, fotos coloridas e microcontos. O fiz com todo carinho, com orelhas, capa plastificada, 88 páginas, prefaciado por um patrono de uma das feiras do livro de Porto Alegre. É claro, não consegui patrocínio para edição do mesmo. Resolvi custeá-lo com minhas reservas. Com emoção fui buscá-lo na editora. O passo seguinte seria divulgá-lo. Fiz o lançamento em uma cafeteria de minha cidade. Fiz convites aos meus amigos e mais um passo havia vencido. Ocorreu-me que poderia expô-lo em uma pequena mesa na calçada da rua principal de minha cidade e ali ficar sentado para mostrar aos transeuntes que pudessem se interessar por meu tipo de trabalho literário. Mas, como sempre gosto de agir de modo correto, me dirigi a um setor da prefeitura para que me autorizassem a ficar na calçada sem que me viessem problemas com seus zelosos fiscais. Nunca pensei que seria a parte mais difícil do meu projeto. Após eu ir ao citado setor, várias objeções foram colocadas, entre elas que geraria comércio e deveria pagar taxa de expediente. Falei com vários funcionários. Algumas vezes o responsável não se encontrava, teria que voltar outro dia e voltei várias vezes. Uma das vezes o funcionário me perguntou o que eu queria e eu lhe respondi que a resposta estaria escrita no meu pedido, no documento que ele tinha em mãos. Quando fui buscar novamente minha autorização, fui convidado a falar com o chefe do setor que autorizaria e assim o fiz. Na autorização ficou estipulado que eu poderia expor quatro horas por mês. Ora, para se divulgar um livro que se presume ser cultura, são colocados empecilhos dessa ordem. De que adiantam projetos municipais e federais que no papel dizem uma coisa e na prática fazem outra? Por que apenas quatro horas? Que dano posso causar a sociedade em divulgar meu livro? Na câmara de vereadores foi aprovado um projeto de incentivo a leitura, mas como incentivar se os funcionários que me autorizaram, nem ao menos tinham conhecimento de tal projeto, que ficou provado no meu intento? Sem falar que o estatuto do idoso reza que esse incentivo deve ser dado pelos municípios. Digo que apesar das ideologias políticas, os cientistas, os artistas, os pintores, os compositores, os escultores, os poetas superam as barreiras e se eternizam e os incautos funcionários são eventuais para o bem da humanidade.
Escrevi um modesto livro de poesias, fotos coloridas e microcontos. O fiz com todo carinho, com orelhas, capa plastificada, 88 páginas, prefaciado por um patrono de uma das feiras do livro de Porto Alegre. É claro, não consegui patrocínio para edição do mesmo. Resolvi custeá-lo com minhas reservas. Com emoção fui buscá-lo na editora. O passo seguinte seria divulgá-lo. Fiz o lançamento em uma cafeteria de minha cidade. Fiz convites aos meus amigos e mais um passo havia vencido. Ocorreu-me que poderia expô-lo em uma pequena mesa na calçada da rua principal de minha cidade e ali ficar sentado para mostrar aos transeuntes que pudessem se interessar por meu tipo de trabalho literário. Mas, como sempre gosto de agir de modo correto, me dirigi a um setor da prefeitura para que me autorizassem a ficar na calçada sem que me viessem problemas com seus zelosos fiscais. Nunca pensei que seria a parte mais difícil do meu projeto. Após eu ir ao citado setor, várias objeções foram colocadas, entre elas que geraria comércio e deveria pagar taxa de expediente. Falei com vários funcionários. Algumas vezes o responsável não se encontrava, teria que voltar outro dia e voltei várias vezes. Uma das vezes o funcionário me perguntou o que eu queria e eu lhe respondi que a resposta estaria escrita no meu pedido, no documento que ele tinha em mãos. Quando fui buscar novamente minha autorização, fui convidado a falar com o chefe do setor que autorizaria e assim o fiz. Na autorização ficou estipulado que eu poderia expor quatro horas por mês. Ora, para se divulgar um livro que se presume ser cultura, são colocados empecilhos dessa ordem. De que adiantam projetos municipais e federais que no papel dizem uma coisa e na prática fazem outra? Por que apenas quatro horas? Que dano posso causar a sociedade em divulgar meu livro? Na câmara de vereadores foi aprovado um projeto de incentivo a leitura, mas como incentivar se os funcionários que me autorizaram, nem ao menos tinham conhecimento de tal projeto, que ficou provado no meu intento? Sem falar que o estatuto do idoso reza que esse incentivo deve ser dado pelos municípios. Digo que apesar das ideologias políticas, os cientistas, os artistas, os pintores, os compositores, os escultores, os poetas superam as barreiras e se eternizam e os incautos funcionários são eventuais para o bem da humanidade.