Meu atual gosto pela leitura
 
 
 
                   “Realmente, eu não gosto da natureza humana,
                          a menos que esteja toda temperada com a arte.”
                                                  Virginia Woolf
 
 
 
                  Não sei se já disse aos amigos e amigas que estou reservando meu tempo para ler, ler muito, mais do que escrever.  Inevitável que a gente comente o que lê. E nas minhas andanças pelas leituras, fui cativado por umas cartas de Einstein dirigidas ao filósofo Bertrand Russell, isso na década de 1930, do século passado.
                  O que achei interessante e que me fez rir era sempre o fecho das cartas do Einstein: -“ Não há necessidade de responder a esta carta”.
                  Ao saber disso, deu-me uma vontade enorme de terminar meus textos com essa lapidar frase: -“ Não há necessidade de comentar este texto”.  Aliás, talvez nem fosse preciso incluir essa frase, já que somente os amigos e amigas de fé ultimamente têm aparecido por aqui.
                  Devo dizer que minhas crônicas visam apenas comentar fatos da vida, procurando sempre o   bom humor e, na medida do possível, escrever de uma maneira simpática e que atraia o leitor. A ideia, nem sempre possível, é trazer algo útil, como num “papo” de amigos, bem informal, com certo sabor, para que a leitura seja, vamos dizer assim, gostosa.
                  De certa forma, tenho conseguido este intento, uma vez que já aproveitei os textos aqui escritos, falando de tudo e de todos, para escrever dois livros e ano que vem sai o terceiro.  Nenhuma intenção de qualquer tipo de ganho, a não ser a satisfação íntima. Não comento sobre isso porque acho horroroso fazer propaganda de mim mesmo, mas admiro e respeito quem sabe fazer isso com elegância.  E deve fazer.  O problema é meu. É uma neurose minha. Talvez a causa seja a falta das mamadas logo que nasci, como verão os leitores no fim do texto.
                  Dito isto, retorno às cartas, já agora com Durant, autor da "História da Filosofia". Fiquei boquiaberto foi com uma carta de Will Durant para o Bertrand Russell sobre o sentido da vida.
                  Will Durant queria uma resposta do Russell, vez que, segundo ele, os astrônomos diziam sobre a vida humana que era um instante na trajetória de uma estrela. Os biólogos, por sua vez, afirmam que a vida toda é uma guerra; os historiadores dizem que o progresso é uma ilusão. Lembrei-me do esplendor de Roma e depois a decadência. Dizia ainda o nosso Will Durant que a revolução industrial destruiu o lar, com a descoberta dos anticoncepcionais a família foi destruída. O amor, pela psicanálise, não passa de uma congestão física e o casamento algo ligeiramente superior à promiscuidade. Fiquei vivamente impressionado, olhando para o nosso Brasil de hoje, com mais essas afirmações do historiador Durant: “ A democracia degenerou em tal corrupção que só a Roma de Milo conheceu outra igual; e os nossos sonhos juvenis de uma utopia socialista desapareceu quando vemos, todos os dias, a insaciável ganância dos homens. Somos levados a concluir que o maior erro da história da humanidade foi a descoberta da verdade. Que na vida nada é certo, só a morte, de cujo sono parece que não há despertar.”
                  E nessa desesperança toda, Will Durant pede a Russel que diga qual o sentido da vida, o que o faz continuar vivendo, quais suas fontes de inspiração e da sua energia, onde é encontrada consolação e felicidade, onde, finalmente está o nosso tesouro.
                  Vejam, amigos e amigas, a resposta curta do Bertrand Russel, que me deixou admirado pela sua sinceridade e autenticidade.
                  Eis a resposta: “ Caro Sr. Durant:   Sinto dizer que no momento estou tão atarefado que me convenço de que a vida não tem sentido algum. Assim sendo, não vejo como possa responder inteligentemente suas perguntas. Não creio que possamos julgar qual seria o resultado da descoberta da verdade, uma vez que até o momento nenhuma foi descoberta. Seu, sinceramente, Bertrand Russell”   
                  Deixem-me terminar com as  cartas de A.S. Neill, aquele que fundou a escola de Summerhill (os alunos eram deixados inteiramente livres na escola). Parece que o Neill já praticava uma insipiente psicanálise, pois o nosso filósofo Russell, em uma das cartas dizia: “Terá você cometido o erro de mencionar a psicanálise no seu pedido? Você sabe, naturalmente, que a polícia considera a psicanálise um simples disfarce para o crime”.
                  Mas o que achei divertido foi o Neill dizer para o Russell que pela teoria de Homer Lane na mamada existem dois componentes: prazer e nutrição. E completa o Neill: “ A criança que mama em hora certa acumula ambos os componentes, e, quando se inicia a mamada, o componente do prazer desaparece num instante, satisfazendo-se numa espécie de orgasmo. No entanto a nutrição não se satisfaz e que muitos casos de desnutrição se deviam a esse fator: a criança parava de mamar antes que o anseio de nutrição estivesse satisfeito.” Sempre o problema do orgasmo precoce...
                  Pobre de mim,  não fui amamentado nenhum dia no peito de minha mãe, que por ser muito nova não tinha o leite no peito. Faltou-me este singular orgasmo de bebê.
                  Quem sabe a falta de nutrição e desse surpreendente  e prematuro “orgasmo” voluptuoso nesse período fundamental tenha me feito um pouco triste na terceira idade? E até me  fazendo desgostar um pouco da natureza humana, mas só um pouco...
Gdantas
Enviado por Gdantas em 29/11/2014
Reeditado em 29/11/2014
Código do texto: T5053053
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