PAPO DE ESQUINA
Desço a NW 123, paro na esquina para esperar pelo sinal. Encontro um senhor idoso, chamava-se Santiago, Salvadorenho de uns 78 anos, calculo, também esperando para cruzar a Brickell . Olha os carros cruzando em todas as direções impaciente e me dirige a voz num espanhol entrecortado mas perfeito.
- Hay que tomar cuidado, nesta ciudad. Estan mui cerca de la ciera! No respetar a nadie. Entendo que passam perto da calçada onde estamos. Concordo, alguns fazem a curva a milímetros do meio fio. Dá para sentir os ventinho nas pernas.
-Si, argui, com meu portunhol imperfeito – Hay quer ver que existem muchos brasilenos pilotando por acá, son um peligro. Los conosco bien. Me retruca Sr. Santiago, todavia:
-Me temo los mexicanos. Son los peores, pilotos locos e arrematou filosófico. La vida es una sola y puede ser casi cualquier cosa uo mismo nada.
Tentei passar por entendido e conclui com um si....e arrematei também com ares filosóficos:
-La vida es un don que viene en una caja cerrada, con um regalo dentro e asi, hay que tener cuidado de el. No podemos dejar a la caja de caer!
O velho Santiago franziu a testa concordando e discordando.
-No sé si se trata de un regalo o un mal. ¿Qué hay dentro de la caja no lo sabe todavía. Cuando nos enteramos es demasiado tarde.
Tive que aceitar os argumentos do velho Salvadorenho. Tinha profundidade o que disse.
O farol abriu, uma mão verde se acendeu do outro lado, dando permissão para que cruzássemos a larga Av. Brickell. Cruzamos juntos, sem nos falar mais. Quando terminamos, Santiago quebrou para a direita com um pequeño aceno e "un sonrisa" menor ainda. Eu virei a esquerda.
O vi andando devagar, meio arcado, pelo anos, com seu pragmatismo e sua sabedoria cristalizada. O silencio do farol fechado, foi quebrado subitamente, um vento quente assoprou nas minhas costas e a realidade desabou sobre nós com todo o seu peso.