UM DIA COMPREENDERÁ

Meu pai me disse muitos anos atrás que eu iria compreender muitas coisas ao longo da vida, mas que a maioria das minhas questões ficaria sem nenhuma resposta. E após uma breve pausa finalizou: Ainda bem que é assim. Passei muito tempo relembrando isso, em momentos diferentes, tal como a primeira porta que deixei pra trás, sem saber ao certo o que estava fazendo, mas tendo a certeza de que estava experimentando a razão e deixando a emoção (e principalmente o coração) de lado, ou de quando descobri que a vida é algo realmente frágil, mesmo quando se tem todo o cuidado para evitar locais onde a violência se tornou diversão e ainda assim se amanhece no hospital aguardando notícias de amigos que se tornaram vítimas ou infratores. Em ambos os casos surgiu o questionamento de porque a gente é assim, tão suscetível a atos estúpidos? Não precisamos de todas as respostas, assim como PHILAE, que por ser máquina nunca vai precisar compreender, porque precisa de mais energia do que pode armazenar, e nem mesmo todos aqueles indivíduos, que ainda não aprenderam a argumentar e complementam suas palavras com agressões e intimidações como se o sangue e também o medo fossem uma espécie de partícula essencial para se encontrar verdades. Passei muito tempo encurtando minha linha do tempo por coisas pequenas, gastando boas porções de vida em coisas aborrecidas que nunca valeram a pena nos dias de qualquer pessoa. Meu pai dentro de sua enorme simplicidade, ensinou e ajudou com uma imensidade de problemas, mas sempre deixou que eu tomasse sozinho as mais difíceis decisões para seguir com meu cotidiano. Depois de tanto tempo tentando compreender as impossibilidades da vida, chego a conclusão de que o problema não é a falta de respostas, e sim o excesso de perguntas.