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Relendo algumas citações, eu me deparei com essa de Gabriel García Marquez: "A vida de uma pessoa não é o que lhe acontece, mas aquilo que recorda e a maneira como o recorda."

Apesar de em um primeiro instante soar como um paradoxo - afinal, como lembrar de um acontecimento senão for da forma que aconteceu, existe um sentimento intrínseco e naturalmente humano nessas palavras, que para algumas pessoas é incompreensível, e para outras absolutamente natural.

Não trata-se de esquecer, ignorar o que aconteceu, mas sim lidar com as consequências de forma a expressar uma forma de aprendizagem pessoal, ou mesmo uma espécie de suporte para continuar a caminhada da vida.

Eu tenho um problema sério que é lembrar, com minúcias, de fatos que jamais gostaria de ficar relembrando... isso é remoer detalhes do passado ao ponto de novamente despertar os mesmos sentimentos que eu tive naqueles momentos.

O bom senso diria: "- Esqueça e siga em frente...". Já minha analista tentou trabalhar com esses fragmentos e simplesmente me desmontou, ao ponto de até o momento estar tentando encaixar as peças novamente... não acredito que quando terminar serei o mesmo, pois algumas peças não servem mais.

A vida é um pequeno milagre desde a concepção... aproveitar cada momento, e fazer planos para o futuro, é o mais lógico e racional. Afinal, o passado é imutável, não tem como alterar seus desfechos. Como disse García Marquez, o que passamos na vida humana está mais condicionado com a forma que lidamos com as benção e as adversidades do que propriamente com que enfrentamos... é aquilo que fica na memória... pena que minha memória é um arquivo de mágoas, ressentimentos e rancor... preciso mudar.