Contratempo
A essa altura da viagem, eu deveria descansar um pouco
Planejei cuidadosamente os detalhes, tempo e espaço
Mas a força das águas e do vento alteraram o roteiro
Não poderia imaginar que a ponte sobre o grande rio
Seria levada na turbulência da cheia causada pela chuva
Olhando atrás, já não há caminho de volta
Pois engolida pela erosão na força da tormenta
A estrada em que passei se tornou um grande abismo
Não há lugar nem tempo para descanso aqui
Pois a noite com seus terrores se aproxima
Só resta subir margeando o rio até bem longe
E me lançar na correnteza sendo levado por ela
Num empenho contínuo, alcançar a outra margem
Terei que deixar toda bagagem acumulada
Num esforço sobre-humano por um novo recomeço
Aceitar o contratempo, e seguir nesta jornada
E enquanto houver vida não parar, só avançar
Independente da incerteza de ter êxito ou não
Almejar apenas o prêmio da perseverança e fé
E saber que de qualquer maneira após a tempestade
Haverá sempre um novo amanhecer brilhante
E o sol tingindo fragmentos de nuvens que ainda restam