Extremos e centros
Frequentemente fico tentado a escrever alguma coisa relativa a fatos do dia a dia. Externar as indignações, de forma geral, como muitos o fazem creio que, acertadamente, quanto à iniciativa. Na verdade pontos de vista que expressem o maior numero de ângulos possíveis fatalmente não são pontos de vista. Parece-me que a imensa maioria deles desperta posições antagônicas, logo, são relativamente parciais. Como estamos numa fase em que as parcialidades também despertam paixões e essas, por sua vez, têm o seu grau de miopia, não vejo com bons olhos as tais expressões. Reconheço que o desserviço da omissão pode ser mais pernicioso que o da manifestação mais apaixonada, entretanto, o custo benefício ainda me parece indicar ser coerente não manifestar minhas conclusões. As pluralidades brasileiras não excluem os grupos e esses têm a sua efervescência nos interesses pessoais e de classe. As ideologias têm sido cortinas de fumaça para esses interesses, em todas as esferas, manifestas ou ocultas. Logo, sobra pouco de neutralidade ou pelo menos de bom senso histórico para frear os ímpetos, ainda que refinadamente discorridos. Para esse raciocínio, faço uso de experiências com parentes e amigos próximos que rasgam suas opiniões contundentes em detrimento da abordagem amena que eu vier a ter. A única coisa que eu poderia dizer, é que precisamos de centro; nas opiniões, nas ideologias, nas conversas do dia a dia... Quem precisa de paixão são os profissionais e os amantes, sem as quais não atingem seus ápices. Tudo o mais requer a moderação dos árbitros para que na agulha procurada se use a lente de nitidez adequada ao invés do exagero de um microscópio.