CRER NO QUE FAZ, NO QUE DIZ.

Saio da missa e pego o jornal católico UNIDADE, um dos maiores jornais católicos do Brasil, onde por força de intercessão de amigos, à minha revelia, fazem publicar alguns textos meus, como AMIZADE SEM ROSTO e outros relativos aos Papas, evidentemente me agradando. É pregão do que creio como bom.

Leio reflexão de minha escola tomista adotada desde jovem no referido jornal, sic: “TRÊS COISAS SÃO NECESSÁRIAS PARA A SALVAÇÃO DO HOMEM: SABER O QUE DEVE CRER, SABER O QUE DEVE DESEJAR, SABER O QUE DEVE FAZER”. São Tomás de Aquino.

Salvação, palavra enigmática. Dita com tanta tranquilidade por tantos, banhada de imensurável singeleza e tão complexa, abordada pela literatura em geral de forma incisiva.

Quando e de quê é preciso salvar-se?

Ouso dizer, até em sagrados livros ressai rápido e repetido o vocábulo salvação, de um fôlego e muitas afirmações ele se expande e povoa nossas mentes. E segue muitos passos por toda uma vida. Não seria mais fácil entregar-se ao destino e cursar a vida limpamente conduzido pelo báculo da Lei Moral?

Salvação é artigo de fé por mais que habite nossos gestos, condutas, e continuará sendo um salto no escuro. São Tomé é seu paraninfo. Nada como a salvação do inigualável Estevão, que para salvar-se, crendo na Nova Igreja do Cristo, mostrou coragem diante do poderoso rabino Paulo de Tarso, enfrentou-o na sinagoga, e intelectualmente venceu-o. Foi lapidado, enterrado com a cabeça de fora e apedrejado até a morte.

Crer. Caminhada áspera, interrogativa e de inteira doação quando verdadeira. Crer no que diz, no que faz, no que vive. Sou escolástico por crença e posso dizer, cristão escolástico da escola aquiniana das cinco vias do venerável Tomás de Aquino. Conheço o que conheço pela fé dos sentidos que a razão proclama. Meu transcendental vive a razão, os sentidos, a natureza,não só éter. É o caminho das cinco vias tomistas.

Somente Aquino teve o privilégio de ser combatido, com reservas, por Kant, sob o império da dúvida. Kant o maior e mais notável dos agnósticos, ao menos para mim. O núcleo de ambos era a crença. O combate da razão, pela razão e sua aceitação.

Kant negava poder ser conhecido Deus no âmbito da “Razão Pura”, mas era crente de que o Senhor, a Liberdade e a Imortalidade eram necessários como postulados, princípios da razão prática, sem o que era impossível a ação moral.

Ninguém deve se preocupar com a salvação se contra o bem não milita. Quem lhe pode fazer mal se você só faz o bem? Ao mal do mundo todos estamos sujeitos, no Brasil morre-se nas esquinas por causa de trocados ou de um celular, mas a salvação de sua alma que pensa e que pode sobreviver em outros espaços, como o pensamento que flui, nunca obteve ameaças da Força Maior, este Primeiro Movimento nada prometeu de castigo, nem seu Filho Jesus que só pregou amor.

Nada ultrapassa a salvação de quem está salvo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 24/11/2014
Reeditado em 09/07/2021
Código do texto: T5046695
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