A HORA DA VINGANÇA

No tempo em que eu era escrava do relógio ficava doida quando o despertador tocava. Passava o dia inteiro de olho naqueles ponteirinhos sempre a lembrar que eu tinha que correr pra lá e pra cá debaixo de chuva torrencial ou sol escaldante. Sentisse frio ou calor, não podia me atrasar! Agora, cumprida grande parte da rota da minha vida, posso dormir sossegada sob o manto da tranquilidade. E o que me diverte no momento é a atual profusão de marcadores de horas à minha disposição sem que eu precise tanto deles. Tem relógio no celular, no carro, no computador, no micro-ondas... até no meu fogão. Fora aqueles da rua e os antigos despertadores que tenho espalhados pela casa. Sabem o que eu faço? Vivo mostrando a língua para eles!