UM PORRE DE ÁGUA E REMÉDIOS!

Comentários no link do blog: http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2014/11/um-porre-de-agua-e-remedios.html

Para Antônio Paiva/Cibele Ventura, (dia 21.11.2014)

Tomei um porre de água, remédios e sai cambaleando de embriaguez e felicidade por rever amigos do passado.

Cambaleante e leve, deixei a torre Santorini, na terceira etapa do Condomínio Mundi, caminhei em êxtase pela alameda florida, com luzes brancas florescentes iluminando meus passos trôpegos, ouvindo colchoar dos sapos, canto dos periquitos e o barulho da água de uma fonte de água existente no Centro do Condomínio e sentindo o cheiro e apreciando um resto de floresta primária que permaneceu na divisão das etapas R-1 e R-2 da R-3, ligadas por uma ponte.

Caminhava lento, com cuidado. Estava deixando o casamento do Síndico do Mundi, Antônio Carlos Castro Paiva e sua Cibele Maria Belloni Ventura, filha do coronel PM da reserva Fausto Seffair Ventura, que exerceu vários cargos e funções no Amazonas, mas nunca chegou a assumir o Comando Geral da PM, talvez porque não quisesse, mas não sei. Lembrou-me das vezes em que fui detido em manifestações e ele mandava me soltar porque “ele é meu amigo”. Usava cabelo e barbas longas e parecia mais um hippie do que um jornalista! Dos fatos narrados pelo coronel havia esquecido de muitos que foram deletadas da memória depois das onze cirurgias a que fui submetido no cérebro desde 2006. Mas, estou escrevendo sobre o casamento do Síndico e não sobre o coronel, mas revê-lo depois de 9 anos foi muito agradável!

Prossegui caminhando lentamente rumo ao meu apartamento na torre Nassau, na etapa R-1.

- Conheço o Carlos Costa muito antes que você o conhecesse, Antônio, disse o coronel e passou a falar de minhas qualidades de homem chato, sincero, brigão pelo bem de todos e solidário ao mesmo tempo. Fiquei sem argumentos porque vivi a vida, aproveitei a juventude e comecei a ser jornalista muito cedo, aos 19 anos, já trabalhando credenciado junto a 5a Seção da Polícia Militar, onde conheci outro credenciado do Jornal do Comércio, Oscar Carneiro, de quem fiquei amigo e conversávamos muito. Depois dos elogios, me abraçou. “Ele era muito brigão. É da época do Fábio Lucena. Vivíamos em lados opostos, mas somos amigos”. Puxou uma cadeira e sentei ao seu lado. Ao meu lado também estava o blogueiro de Manacapuru, Bruno Sarmento Farias formado em ciências contábeis pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci (UNIASSELVI) e alimentador do “Blog do Bruno Sarmento”, que me perguntou se eu já conhecia o município. Disse que sim, mas que há 9 anos não retornava ao local onde lancei na Casa da Cultura, meu primeiro livro de poesias (DES)Construção, no início da década de 80. Conheci e fiz amizade com o vereador eleito mais novo do Brasil, Pedrinho Palmeiras, aos 19 anos. Depois virou empresário de sucesso no município, montou rádio, posto de gasolina e perdi o contato com meu amigo que já faleceu muito novo! Acho que tinha minha idade ou era mais novo porque tinha também, na época do lançamento de meu trabalho literário.

O contabilista convidou-me para retornar e garantiu que o coronel Fausto viria pegar-me em casa. Não dirijo mais, respeitando ordens médicas. Perdi a visão periférica. Sugeri ao convidante que desenvolvesse uma programação cultural que voltaria. Garantiu-me que usaria seu programa de rádio e faria a programação. O coronel Fausto, apresentou-me sua nova esposa e lhe contei que também havia casado pela segunda vez, também com a filha do deputado estadual e advogado Francisco Guedes de Queiroz, de quem era amigo e admirador, a também advogada Yara Queiroz. Ela não compareceu ao porque fora a uma reunião de trabalho com um deputado da ALE, de quem ela é assessora jurídica.

Estou de novo escrevendo sobre o que não interessa a ninguém, mas não posso fugir da emoção que senti por ter sido o único dos membros do Conselho do Condomínio Mundi a ser convidado. Logo eu, o mais chato de todos! Os convidados, eram só amigos íntimos da família dos noivos.

Era o único “estranho no ninho”, mas não me senti estranho porque reencontrei pessoas que eu nem sabia que me conheciam de nome e passaram a conhecer-me pessoalmente. Na hora que o celebrante Antônio Carlos Marinho Bezerra Filho, perguntou se o noivo advogado Antônio Carlos Castro Paiva aceitava Cibele Maria Belloni Ventura como esposa, respondeu um “SIM” de forma convicta e alta. Houve risos e palmas e notei que estava nervoso e tenso, embora já vivessem juntos há mais de 4 anos. Na mesa em que estava, alguém comentou: “Será que a noiva desistiu do casamento?”.

Não, só havia atrasado um pouco para dar mais charme e aumentar tensão do noivo. “A noiva chegou”, anunciou alguém à mesa e o pai coronel Fausto foi buscá-la e entrou de braços dados com ela, entregando-a ao noivo. Durante o casamento, garçons serviam gostosos salgadinhos e colocavam água em minha taça. Sempre me perguntavam se queria cerveja, champanhe e respondia que não! Depois do casamento, começaram as fotos e fui convidado a participar em uma delas. “Vai queimar o seu filme”, brinquei com o noivo. Na foto, sai sério porque perdi a capacidade de sorrir e não a recuperei nunca mais, porque tive comprometido meu lóbulo do humor. Pareço sempre estar com raiva, mas não estou; fiquei assim! Mas estou vivo!

No livro O HOMEM DA ROSA, escrevi que “casamento é um contrato comercial infinito, regido pelo interesse do casal na busca de perpetuar a sua espécie”. Reafirmo o que escrevi em 1989 e acrescento, que viver a dois não é fácil, mas é possível. Na crônica VIVER A DOIS É UM CARRO EM MOVIMENTO, afirmei que a vida a dois é como se fosse um carro em movimento andando por uma autoestrada: precisa ter cuidado com a velocidade, a pista, a sinalização, os sinais, o sol, a chuva porque o carro pode derrapar e ficar imprestável, virando sucata e jogado em algum lixeiro como carcaça do que fora um dia, um casamento feliz! Todo casamento sofre desgaste pelo tempo, feridas que nem sempre cicatrizam, problemas de toda ordem e precisa sempre de um tempero novo para não deixar cair em rotina. A mesmice, acaba com qualquer relação a dois! Sei disso, porque estou também casado pela segunda vez e sou feliz, como os rios Negros e Solimões, que quase em frente a Manaus, formam o “encontro das águas”, que brigam sempre para evitar que as barrentas, do Solimões, resultantes de águas desbarrancadas pela força da correnteza, não invada as águas calmas e sem insetos do Rio Negro, resultado da decomposição de folhas, não invada a outra, mas depois seguem tranquilos de mãos dadas e despejam todas as suas amarguras nas águas do mar. Lembrando do casamento, conclui que pelo desgaste natural da convivência a dois, muitas vezes a relação se torna como o canto dos periquitos que eu ouvia: o casal fala ao mesmo tempo e precisa de um maestro para colocá-lo em ordem. Um deve ceder para que o outro possa ser ouvido! Os dois falando e gritando como os periquitos barulhentos e ensurdecedores, não se entenderão.

Assim é o casamento! Assim é viver a dois: como encontro de duas águas com cores diferentes, pesos diferentes, sabores diferentes, mas que caminham cumprindo cada uma delas sua missão!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 23/11/2014
Código do texto: T5046073
Classificação de conteúdo: seguro