A CRISE DO MUNDO.
Um dos mais eminentes pensadores brasileiros de todos os tempos, Jesuíta, ordenou-se sacerdote, sendo Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma, Padre Leonel Franca.
Por suas obras influentes na construção da Brasilidade, foi respeitado como construtor da estrutura de sua época na esfera político-social. Padre Leonel Franca legou obras como Noções de História da Filosofia, até hoje o melhor compêndio de História da Filosofia feito no Brasil, Psicologia da Fé, O problema de Deus, A Igreja, a Reforma e a Civilização e, sobretudo, A crise do Mundo Moderno e Liberdade e Determinismo.
“Além e acima da profunda crise social, econômica e política vivida pelo Mundo Moderno, há a crise do Homem, a crise que se processa no “interior das almas”. Isto porque a “civilização moderna” afastou Deus, destino supremo da Pessoa Humana, dos corações, o substituindo pela “Ciência ou a Raça, o Estado ou o Partido”, o que provocou grande “anarquia interior” a que o ínclito sacerdote jesuíta e pensador patrício denomina a “tragédia da alma moderna”, isto é, o “desamparo angustioso de um ser racional que perdeu o rumo de seus destinos”.
Como divergir desses conceitos, como não admiti-los para o que passamos?
Repousa aí, pois, a “raiz profunda da crise de civilização que nos acabrunha”, crise esta, antes e acima de tudo, espiritual, atingindo os “fundamentos da própria vida humana, pessoal ou coletiva” .
Proclamando-se otimista, o Padre Leonel Franca afirma ver na crise do Mundo Moderno o limiar, “a aurora de uma idade nova” em que os progressos técnicos e científicos integrar-se-iam na “harmonia de uma cultura” que restituísse à “vida o seu sentido e a sua plenitude”. E proclama, outrossim, a urgência de se restituir a esta “civilização periclitante” as “forças interiores que asseguram a todo esforço social a sua vitalidade”, com a consciência de que “a secularização de uma cultura é sintoma de dissolução e prenúncio de morte” e de que somente um “dinamismo espiritual” é capaz de salvar a vida de uma cultura e de conservar “o equilíbrio de todos os seus elementos” . Victor Emanuel Vilela Barbuy faz esta suma irretocável.
A crise do Mundo Moderno mostra nossa crise atual Prossegue:
“O cristianismo tem as dimensões da história humana. Para todas as eras e em todos os problemas Cristo é luz da vida e os que o seguem, sal da terra. As agonias do mundo contemporâneo hão de encontrar, numa meditação mais profunda das suas palavras que não passam, uma resposta pacificadora. E uma cristandade nova, cuja estrutura mal nos é dado antever, mas cujos sinais precursores repontam em toda a parte, poderá congregar uma humanidade melhor numa fase mais elevada de sua penosa ascensão espiritual."
“Neste momento de angústias e ansiedades, do fundo das nossas consciências cristãs irrompe um grito d’alma que é uma prece e um programa de ação:
Domine salva nos perimus! [“Senhor, salvai-nos, que perecemos!”].
Nada tão atual quanto o emérito filósofo e educador, tanto quanto seu grito pedindo salvação.