Eu “morro” por dez centavos!
E foi bem na hora em aquele pesado caminhão deu ruidosa freada, para não me atropelar, que eu havia abaixado para juntar um dinheiro perdido, por não sei quem. O valor não era alto, somente dez centavos, mas o exato que me faltava para comprar quatro pães, posto que cada um pão é vendido a vinte centavos e setenta centavos eu o tinha. Minha família é composta de quatro pessoas: Minha esposa que come um pão, a filha de dez que come outro todinho, a menorzinha que come meio e eu que devoro um e meio.
Fui xingado de “velho gay” pelo simpático motorista do caminhão, um homem de dois metros de altura e um de largura, daqueles que nenhum cidadão normal ousa de chamá-lo de antipático cara a cara. Dei-lhe uma trégua e primeiro reclamei que não mais me chamasse de velho, sinto-me ofendido assim ser tratado. Quando o clima estava mais sereno apontei-lhe a placa que indicava que ele estava trafegando na contramão. Seria um grande azar para ele me atropelar, e mais azar ainda para mim que não provaria do pão do fresco padeiro.
Sempre ensino as minhas filhas a serem educadas. Quando elas vão à padaria perguntam gentilmente ao padeiro: “O pão está com a casca morena clara como eu, e fresco como o senhor?”. Dinheiro é dinheiro, cada moedinha vale alguma coisa. Por isto choro pelo meu país cujo povo é enganado pela propaganda, e então com cara de felicidade deixa seu troco na loja de um e noventa; e ainda acredita que a mercadoria é importada! O que vem do Paraguai não importado, nem contrabandeado e nem pirateado.
Primeiro que o Paraguai já é quintal do Brasil... Segundo, o fruto do contrabando tem o mesmo argumento: Não se faz contrabando do quintal para dentro de casa. Terceiro, também não é pirateado já que ninguém fabrica nada tão ruim e descartável como eles. Piateado tem a mesma qualidade, só que sem recolher os impostos. Perdão! A China também, um país que só faz treco, e nem se dá ao luxo de mandar para o Paraguai para que suas quincalharias cheguem às lojas de ofertas. A pergunta é? Se a merdadoria (erro proposital) é anunciada a R$ 1,90 por que arredondamos para R$ 2,00? Ou gostamos de propaganda enganosa, ou somos um país de ricos!
Dez Centavos é a décima parte de Um Real, não é para ser desperdiçado. E vejo na televisão a história do menino que cata pedaços de fios de cobre e outros metais, vasculhando as portas de prédios em construção, embaixo de postes onde os eletricistas das concessionárias cortam pontas de emendas, e em eventuais olhada pelo chão do seu circuíto. A repórter o indagou o valor da venda e a aplicação do valor auferido:. “Compro um litro de leite da minha irmã”, disse sorridente.
A resposta daquele menino fez cair por terra os argumentos de tantos que passaram por cima daquela moeda,antes de mim,e a olharam com desprezo: Para si mesmo indagaram: “Abaixar por tão pouco?”. Há um ditado que diz: “Quem despreza o fubá não faz jus ao milhão”. (se o ditado não existia, passou a existir agora). Não é à-toa que americano fica rico. Eu vi em Nova York um passageiro de táxi bronquear pelo troco de “tem cents” (dez centavos!). Eu vi em um filme, mas vi!
COMENTE POR FAVOR / PLEASE COMMENT
* * * * * * * * * *** * * * * * * * * * * * * *
(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, de Guanambi – Bahia, e tem observado que muitos, às vezes paupérrimos, desprezam moedinhas caídas ao chão. Assim como não exigem trocos, outras vezes aceitam passivamente as balinhas. Coisa de povo rico!