Relembrando a época do bonde elétrico.
Existe um conhecido ditado dizendo: “quem preserva o passado é museu”. Assumo que sou um deles. Perguntar-me-ão os senhores: Nesse contexto, onde ficam os seus presente e futuro?
Embora seja um saudosista, jamais deixei de vivenciar com sofreguidão o presente o qual, para mim, tem sido sempre maravilhoso. Considero-me abençoado por DEUS, pois desde garoto penso incessantemente no futuro, agora nos dos filhos e netos. Uma das minhas maiores preocupações é de estar consciente de que a era da necessária, mas obcecada, informática não concederá aos meus, tampouco aos seus descendentes, a oportunidade de desfrutarem uma infância igualmente a minha e a dos senhores de mesma idade.
Na infância, assim como na juventude, na época dos anos 50, embora muitos cidadãos não concordem, a insegurança se apresentava de maneira esporádica, se compararmos com os dias atuais. Essa benesse permitia aos pais, ou outros responsáveis pelas crianças, a concessão de uma liberdade tranquila.
Recordo-me, bastante saudoso, dos jogos e torneios de botões os quais eu mesmo fazia, utilizando-me dos poucos recursos daquela ocasião, das disputas com bolinhas de gude, das remessas de piões com o uso de uma fieira, do cabo de força e das vistosas pipas, as quais iam ao ar amarradas em rolos de linha “rococó”, untada em cera artesanal, confeccionada pelo próprio garoto que a soltava.
Lembro-me também da fase dos 14 anos. Residia no bairro do Riachuelo e estudava no Meier, no então Ginásio Estadual Visconde de Cairú, do qual partíamos, algumas vezes para “ajustar contas” com os colegas da antiga Escola Técnica Nacional, em São Cristóvão. Tudo isso motivado pela disputa das namoradas. Inúmeras foram as vezes que, sem medo de ser assaltado, assisti o Garrincha jogar nos campos de General Severiano, Figueira de Melo, Campos Sales e no Estádio do Maracanã.
Não poderia deixar de relembrar as economias que por mim eram feitas, com a finalidade de não empreender todos esses percursos a pé. Seria então o ônibus a condução utilizada? Negativo! O dinheiro era permanentemente pouco, só permitindo a utilização do saudoso bonde elétrico, onde, com espírito aventureiro, viajava dependurado nos estribos, embora houvesse disponibilidade de lugar. O bonde puxado por burros não era de minha época. Seria saudosismo em demasia, ou melhor, eu não estaria vivo para escrever esta crônica.
Na visão deste escritor devemos ser plenamente atuantes no momento presente e altamente responsáveis, quanto ao futuro, sem que reneguemos o passado, razão preponderante de nossa existência.