Carta de um pai indignado

Na 4a. passada, indo para São Paulo, ouvia no rádio a Band News. Ao final da parte em que o Ricardo Boechat participa, ele leu uma carta que me emocionou muito. Era de um pai de 38 anos que tinha dois filhos. O mais velho, com uns 16 anos, desmaiou na escola e foi levado ao um Hospital, acho que em Parada de Taipas, SP. Acabou morrendo lá. Até então aquele filho, que era mais alto que seus colegas da mesma idade, não apresentou nenhum problema de saúde relevante. Tiveram que fazer autópsia e o resultado foi inclusivo, com a promessa de entregarem o laudo em 30 dias. O pai teve que cumprir as tristes e necessárias etapas burocráticas - reconhecimento do corpo, compra do caixão, etc - e passado um mês do falecimento do filho, ligou para o IML para saber do laudo. Lá informaram que teria que ter sido pedido pessoalmente com o pagamento de uma taxa de R$ 45,00. Como isso não foi feito na época... Ele queria saber a causa da morte do primogênito para constatar se foi algo genético, já que tem outro filho. O texto escrito embebido pelo luto mexeu muito comigo, que sou pai de um garoto também mais alto que a média de seus colegas e sem nenhum problema de saúde relevante até então. Imagino a dor somada com indignação daquele homem, que foi golpeado fundo de duas formas quase no mesmo momento: pela lei da vida e pela lei de um país que deixa a roubalheira correr solta, atrelada à uma impunidade absurda - que começa a dar sinais que essa "farra do boi" vai terminar. Tomara. Queira Deus que aquele pai tenha a serenidade necessária para não fazer uma besteira diante desse cenário todo.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 21/11/2014
Reeditado em 21/11/2014
Código do texto: T5043377
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