A CONSCIÊNCIA NEGRA
A palavra quilombo (kilombo) vem da língua kimbundo, uma língua banto falada em Angola. Esta palavra é entendida (com variações) em qualquer língua do grupo banto. Então a palavra “kilombo” nos foi passada pelos angolanos que chegaram ao Brasil. O significado real da palavra quilombo é algo como "um lugar de pouso, uma paragem".
No Brasil, um quilombo passou a ser uma aldeia escondida na mata em local inacessível em qualquer parte do continente americano onde os escravos refugiados se escondiam para não serem encontrados e torturados pelos senhores escravocratas e exploradores. Nos quilombos esses seres humanos conseguiam levar uma vida em liberdade. Para quem não sabe, os quilombos também abrigavam minorias indígenas e brancas.
Desde 1740 um quilombo era entendido pelo Conselho Ultramarino Português (a entidade que regia as colônias de Portugal) como “todo agrupamento de negros fugidos que passe de cinco, ainda que não tenham ranchos levantados em parte despovoada nem se achem pilões neles”.
Desde 1989, a Associação Brasileira de Antropologia define um quilombo como “toda comunidade negra rural que agrupe descendentes de escravos vivendo de cultura de subsistência e onde as manifestações culturais tenham forte vínculo com o passado".
Há quilombos em qualquer parte do Brasil e hoje em dia as comunidades quilombolas são como define a Associação Brasileira de Antropologia. A partir da Constituição Brasileira de 1988 os antigos quilombos remanescentes passaram a ser reconhecidos.
O maior quilombo conhecido foi o Quilombo dos Palmares no sertão de Alagoas. Ficava num lugar ermo e por isso inicialmente ninguém tinha consciência da sua existência. Com o tempo, escravos fugidos foram tendo conhecimento da sua localização e seguindo para lá certos de terem segurança. Com o tempo Palmares foi tomando consistência de cidade onde todos viviam em harmonia, inclusive a sua minoria de índios e brancos.
Palmares possuía terra fértil e os seus habitantes viviam da agricultura plantando feijão, mandioca, hortaliças e árvores frutíferas. Palmares durante muito tempo foi um verdadeiro paraíso. Mas em Palmares existia também um verdadeiro arsenal de guerra e guerreiros muito bem preparados governados pelo rei Ganga-Zumba. Após a sua morte foi substituído por Zumbi, nascido no próprio quilombo no ano de 1655.
Zumbi quando muito jovem foi capturado e doado ao Padre Antônio Melo que o batizou com o nome de Francisco e lhe ensinou português e latim. Esse exílio serviu como libertador da sua consciência. Zumbi embora nunca tivesse sido escravizado pode ter uma verdadeira noção de como os seus irmãos africanos eram tratados pelos “senhores” donos de escravos e pode sentir também toda a intensidade do preconceito que eles sofriam. Fugiu no ano de 1670 voltando ao seu lugar de origem.
Como líder do Quilombo dos Palmares passou a organizar a defesa do local e os ataques militares. O Rei de Portugal escreve uma carta elogiando Zumbi que nas entrelinhas percebeu haver uma extrema vontade da coroa em destruir o seu povo.
O bandeirante Domingos Jorge Velho, conhecido como Anhanguéra (em tupi, “diabo velho”) no afã de receber polpudas recompensas da Coroa Portuguesa e perdão para os seus crimes começou a realizar inúmeras incursões ao território dos Palmares até que um dia conseguiu realizar o seu intento depois de anos de sangrentas batalhas. Segundo a história, quando Zumbi se viu dominado se atirou de um despenhadeiro. Isso se deu no dia 20 de novembro de 1695.
O local onde havia o Quilombo dos Palmares hoje em dia é o município de União dos Palmares, no estado de Alagoas.