Crônica de uma crônica
Eu, como crônica, narro as coisas mais simples da vida, de forma genuína e, por vezes, marcadas por toques de lirismo. Por vezes, existem itens do cotidiano passados tão abruptamente que as pessoas não param de ver a amplitude e a grandeza atrás de ações ou eventos aparentemente insignificantes ou rotineiros. Diante da falta de sensibilidade e percepção por grande parte da raça humana, sinto-me obrigado a ser escrito, através das tintas de um cronista com boa vontade, para retratar o que há cem, duzentos ou quinhentos anos ninguém terá idéia sobre o que acontecia no dia-a-dia daquele momento. Sou a fonte de inspiração para literários, historiadores, filósofos ou mesmo sociólogos, falando sobre a sociedade, a existência humana e fatos pitorescos.
Como crônica, às vezes tinjo a minha realidade de forma irônica. Ou sarcástica em alguns momentos, dependendo do meu mal-humor. Ou bem humorado, faço da vida um paraíso bem bucólico - talvez até bem arcádico, com gente reflexiva parando para me ler e me entender.
Enfim, eu faço milhões e milhões de atividades. Minha função é rica e grandiosa, inspirando gente de todos os rincões do planeta e de todas as etnias, credos, sexos, faixas etárias e linhas político-filosóficas. Gente que, desiludida ou esperançosa, em um lapso ou faísca de inspiração, resolve, em um punhado de linhas, compor o que de mais lindo, sucinto e singelo que pode existir: eu... uma crônica.
Sintetizando... eu, uma crônica, mudando o ar de muita gente e do mundo. Ainda que, ao menos, lido.