ELEMENTO INESPERADO

Falar deste elemento inesperado, volúvel, sagaz, repentino, terrível, indesejável, cruel, e sobretudo, certeiro. O causador de males, entretanto a quem diga que este é o remédio para o descanso de uma vida marcada pela dor. Embora viva sabendo que ele existe, ninguém quer falar sobre o assunto, nem sequer pensar que não é eterno.

Vive-se o tempo todo a planejar o viver futuro, logo dias e dias se passam, dos quais o tormento e a busca angustiadora do ter, furtam a vida de nós mesmos; pior, ela passa desapercebida diante dos nossos olhos.

Foi assim com outras sociedades, na brasileira buscou-se vintém, cruzeiro e agora o real; geração vai, geração vem e como dizia o sábio Salomão não há nada novo debaixo do sol, o que de fato há, é a terna vaidade, tudo é vaidade.

Assim, dias e noites se vão, ora tempestuosos, sombrios e frios, ora doces, calmos e serenos; todavia todos efêmeros e fugazes. Mas o velho e terno cansaço, ocupa nossas mentes gastas desse capitalismo vasto.

E ninguém se dar conta que o fim vai chegar, ou melhor, que a vida há de findar. Talvez você nem tenha se dado conta da urgência de viver o elemento hoje, porque o elemento chamado futuro roubara o presente, o que faz jus a nomenclatura que recebeu, pois de fato, é uma dádiva do Criador.

O futuro incerto preocupa a vida do cidadão de bem que se ocupa de trabalhar para colocar os meninos na escola, pôr pão na mesa, pagar contas e tantos tributos da “Amada República”!

Este nem se dar conta que precisa viver também, vegeta a cada dia na labuta necessária, anestesiado pela carência que o obriga a tão mecanização da vida, o que a torna um elemento irrelevante, esquecendo-se do quanto está é breve.

Meu caro falarei do elemento que tanto nos preocupa, aquele que chega e nos leva sem dar tempo de dizer o último adeus; de dar o último beijo na pessoa amada, de abraçar amigos que tanto nos acolhera; de dizer a família, sem se importar com a atual conjuntura, às vezes degradada, que ela ainda é o nosso alicerce; e nem dar tempo de fazer a última oração de confissão de pecados.

Para crença espirita há mais uma chance, pode reencarnar e fazer o que não deu nessa vida; para os amigos católicos podem até purgar a alma um tempo, mas depois serão absolvidos na morada celestial; para a ideologia das sagradas escrituras só há dois caminhos: céu e inferno.

Ixi!! Falei deles, você leitor, logo desistirá desta leitura, porque sem querer toquei em tênues linhas ideológicas que vertem altíssimas e calorosas discussões, por favor, não desista!

Estou aqui para dizer-te que a vida é bela, mas passageira; alguém já disse outrora que o passado não volta e o futuro é duvidoso. Portanto, sorria mais, perdoe de coração e ame intensamente. Porque quando o elemento inesperado chegar de forma brusca e cruel, certamente te ceifará ou levará a vida de alguém muito querido, mas você entenderá que aqui o espetáculo acabou, mas para os que creem a vida continua num outro cenário, superior a este. Por isso, viva!