SENTIR
Ando um tanto sem inspiração, talvez as segundas-feiras tenham, também, esse poder, digamos fatídico, de endurecer-nos a alma e fazer com que a razão a ela se sobreponha.
Resultado da percepção de que a luta pela vida é renhida e não deve parar, aliás sinal de que ela, a vida, continua. Bom sinal. A malemolência e o doce nada-fazer do fim de semana ficaram (devidamente, diga-se) para trás.
Primeiro compromisso da semana é cardiológico, a caminhada tão insistida pelo cardiologista... Necessária, em vista do descontrole alimentar do sábado e do domingo. Pecado consciente.
Da caminhada, restou-me a lembrança de uma árvore toda florida, tão divinamente bonita, que me deu ânimo para a semana toda. Nada sei sobre ela, nem nome, sequer. Apenas que é linda e suas flores perfumadas.
Como que a zombar de mim, em sua exuberância, bordou a calçada por onde passei. Subjetivamente informou-me: "tenho tanta beleza, que posso desfazer-me dela, aos poucos, sem que perca o encanto". Aspirei seu perfume e até me vi bela, "muito mais de sentir do que de ver."
Dalva Molina Mansano
11:04
17.11.2014