LEMBRANÇAS

E ficam apenas as lembranças, como algo que passou e não volta mais, como o vento que assoprou, mas já se foi, como o sol que esquentou e já se pôs... se apresenta como a chuva que irrigou o jardim, como a água que alimenta as plantações, como a nuvem que decora o azul celeste! Como o que é fundamental, mas não essencial.

As lembranças vêm e são ambíguas, por que são doce demais que me embebedam, são muito bonitas que me alucinam. Foi uma historia incrível para se contar até a décima geração. As lembranças são belas e vem como o sal do mar na imensidão, com o cheiro de saudade que aperta o coração. Com uma paralisação por que foi bom!

E fica apenas na lembrança por que lá é onde deve ficar preservada... Mas deve vir com cautela para que a dor não asfixie com tanta nostalgia, para que o sentimento não seja tão intenso, para que os olhos consigam controlar as lágrimas que por hora vai passar.

As lembranças sempre vêm com o medo que o mal retorne e com a esperança que a dor se dilua. Ela vem na tempestade trazendo impurezas e noites escuras, provocando calafrios e eliciando tristeza... Ela vem para que se perceba que um futuro pode ser melhor.

E ficam apenas as lembranças, por que o desejo já se foi, as recordações de risos jogados, a ambivalência de sentimentos. Lembranças e afetos de um amor que virou ódio, da confiança que se transformou em receio, da intimidade que se transformou em indiferença.

E se eu pudesse eu não lembraria nada disso ou simplesmente apagaria qualquer recordação que me traga dissabor. Ou apenas hoje queria lembrar que não cometi um grande erro na vida, que foi colocar em jogo aquilo que já era bom... E quando saem as lembranças o que resta é um desejo de dias sem ser amedrontado por um fantasma que em tempos remotos provocava bem-estar!