A incansável busca de entender de ser assim
Nasci para dar aos outros a alegria que não tenho em mim, o sentimento que carrego dentro é assim. Meu amor manifesta-se na Arte que faço, mas na vida que tenho a realidade é outra. Sim, eu prezo a felicidade dos outros e boicoto a minha. É tão difícil, as vezes impossível. Você pode me aconselhar, outras já o fizeram, até mesmo minha psicologia. Nada é mais verdade do que isso, dou aos meus amigos o sorriso e as besteiras que digo, aos namoradinhos dou meu ciúme bonitinho mentiroso e meu lado erótico, à família dou uma do normal, o ócio. No trabalho dou a capa, no curso a pior das capas. Só me resta aceitar, ver os ostros felizes e rir, depois sair e chorar. Muitos dizem que minha literatura torna-se pessimista e melancólica com esses tipos de escritos, mas estou mais para Realista, no sentido de revelar a minha identidade, aquela que só o interior tenta conhecer.
Essas afirmações que disse aqui foram ditas também a Doutora Mônica, ela me ajuda a tentar me entender, profunda tarefa, por isso amo os psicólogos. Que trabalho difícil! Eu disse a ela o que eu acho que lhe causara o espanto: Eu não acredito que eu possa amar, desculpe-me não acredito em mim mesmo. A questão vai além, por exemplo: eu amo o carnaval mas tenho vergonha de consumi-lo em mim, porque meu complexo de inferior não deixa, amo o Ano Novo, ah época boa, mas só para ver na TV, queria mudar essa realidade, mas é complicado. Acho que é predestinação. Queixo-me de minha beleza, e atinjo o máximo quando afirmo que eu detesto também ver os outros felizes. A contradição me mata aos poucos. E morro na incansável busca de entender o porque de ser assim.