Conta(tos) humanos

*Releitura

Dentro de todas as individualidades humanas; femininas - masculinas

Talvez a mais difícil de lidar é se mostrar por inteiro

Porque ao se expor pode-se tanto atrair quanto afastar o outro

Como saber até onde somos realidade?

E quando deixamos de ser fantasia?

Quando passamos a ser ilusão, ou desilusão?

Quanto tempo dura a atração?

E o que pode vir depois, afinal?

E quando a conversa cala, é sinal de que o tempo acabou?

E quando o desejo corporal fala por si só

É pra ficar, é pra sair, não é, é?

O que não é pra ser?

Ou pra ser?

E se não houver afinidades

Não acontece nada?

Porque acontece ao contrário

Quando se quer muito que aconteça algo mais?

Por que os desencontros ocorrem?

Será por que existe um tanto de solidão

Nas pessoas, no geral?

Todos querendo ser preenchidos?

Querendo ser habitados?

Mesmo desconectados?

Até que ponto se pode achar que decifrou o mundo humano;

Das descobertas, seu e do outro

Como conduzir o tempo de espera,

Como dominar a danada da ansiedade?

E se o sentimento do primeiro momento desaparecer de repente?

Você percebe que ficou sozinho?

Que a pessoa já partiu pra outra?

O que você viveu foi um lance desencontrado?

Foi mais uma tentativa frustrada?

Foi mais um ligeiro deslumbramento?

Terá sido uma espécie de dicotomia?

Uma vacilação?

Um experimento no vazio?

Coisa da imaginação?

Ou outra situação estimulada pela necessidade física?

Numa cidade como São Paulo, poluída de tudo.

Ficar sozinho é monstro!

Talvez, por isso, tenha muita gente ao mesmo tempo juntas,

e contraditoriamente, separadas, confusas.

No fundo, estão e são todas sozinhas. Mesmo sem querer.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 14/11/2014
Reeditado em 14/11/2014
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