POR TRAZ DO SABOR DO MEL, HÁ UMA ABELHA

Dar a César o que é de César, é um provérbio de Cristo que se ouve com frequência. A prática deste, porém, está muito além do nosso alcance.

Há dias assisti a uma sessão da Câmara Municipal onde ouvi a leitura de uma Moção de Congratulações a três alunas e a direção da Escola Professora Anfrísia Santiago.

A referida homenagem mencionava a brilhante conquista dos três primeiros lugares no Concurso literário Operação Cisne Branco, promovido pela Marinha no final do ano passado.

Fiquei feliz por este gesto tão nobre do nosso Legislativo, como um sinal de justiça, reconhecendo o talento daquelas jovens que desde já demonstram aptidão pelas letras.

Um elogio é uma formula de estimulo que só traz efeitos benéficos.

Após ouvir aquela leitura, meu espírito foi surpreendido por dois sentimentos diversos. Enquanto sorria por um dos olhos, o outro chorava pesaroso por não ter sido mencionado o nome de Zaíra Isabel Brito Paiva, a Professora de Redação que orientou aquelas alunas durante a realização dos referidos trabalhos. Acredito que este fato não tenha ocorrido devido ao entusiasmo e empolgação de quem redigiu aquela mensagem.

Aquilo me fez mergulhar num trecho da Historia do descobrimento do Novo Mundo, quanto o autor se refere ao nome do Continente que foi batizado por América em homenagem a um escritor Florentino, por ter este redigido algumas cartas sobre a terra descoberta por Colombo.

Não é de lembranças passadas e lamentos que se constrói o progresso. E, sim, de amor, dedicação, perseverança na realização de um trabalho.

É desse modo que vejo a imagem de Zaíra, ela é tudo isso e muito mais. Seu espírito é dotado de uma força muito grande que vem conseguindo superar muitos obstáculos que aparecem em sua jornada.

Há bastante tempo venho acompanhando a trajetória desta heroína Professora de Redação de Escola Pública. Em sua árdua tarefa tem conseguido trazer aos olhos de nossa sociedade o brilho da educação e cultura que ora germina numa pequena parcela de nossa juventude estudantil.

Considero-a tal uma abelha que descobre o néctar em meio aos espinhos e após transformá-lo em mel cujo sabor vem adoçando o espírito da comunidade, que com alegria, vem sorvendo o prazer de mais uma vitória.

A estrada percorrida por esta educadora tem sido bastante penosa. Mesmo assim, aos tombos e barrancos ela conseguiu resultados surpreendentes que vale a pena recapitular:

Após renunciar ao seu emprego no Banco do Estado da Bahia onde prestou concurso público, resolve dedicar-se a educação e para isso formou-se em Letras e especializou-se em Técnica de Redação.

Fascinada pela beleza do nosso idioma, deixou seu cargo de Secretária Executiva do Pólo Petroquímico e dedica-se de corpo e alma ao Magistério.

Iniciou seu trabalho no Colégio Padre Torrend em 88 onde conseguiu promover a Semana da Cultura daquele estabelecimento, com apoio da Prefeitura Municipal de Dias D’Ávila.

Fez parte também do corpo docente do Colégio Moura Bastos.

Passou a trabalhar no Colégio Anfrisia Santiago onde iniciou como coordenadora.

Neste período, a professora Graça Drumond implantou nessa Escola a disciplina Técnica de Redação.

À professora Zaíra coube tal encargo. No final do corrente ano seus alunos participaram de um concurso literário de monografia Cem anos de Abolição. O resultado foi excelente com os três primeiros lugares em nível municipal.

Após esta primeira conquista, Zaíra recebe apoio de Alberto, um artista de teatro, que inovou o trabalho dela com noções de dramatização.

Aquele tipo de trabalho caiu nas graças dos alunos que embalados com a novidade contribuíram com a criação do TEAPAS Teatro Professora Anfrísia Santiago.

Com aquela atividade paradidática, foi possível apresentar diversos trabalhos entre os quais citamos Branca de Neve e os Sete Anões, e alguns esquetes.

A professora Zaíra apoiou um filme, O Fantasma Camarada, em 1989, onde participaram vários alunos do TEAEPAS. Os alunos de Zaíra participaram do primeiro concurso Cisne Branco. A vencedora a nível Estadual foi Sheila Kataoka aluna da 7.ª série. A ilustração do trabalho foi de Roseana Penalva, uma das artistas plásticas do município.

Em 1990 veio o Bicampeonato do Concurso Cisne Branco desta vez o prêmio foi em nível Nacional, sendo classificado o trabalho de Cíntia Delgado de Sá, com a ilustração de Selma Ribeiro artista plástica da escola.

Em 1991, por indicação da Professora Altair, os alunos do Anfrisia participaram do Concurso Literário Ecológico Educando o Homem, para o Futuro, promovido pelo Banco do Nordeste do Brasil. Mais uma vez o prêmio veio para Dias D’Ávila. Duas alunas da 8ª série foram as vencedoras.

Rosana Magalhães dos Santos com o trabalho Ecolovida classificado em primeiro lugar a Edna dos Santos Araújo, ficou com o segundo lugar com o trabalho A Vida Em Nossas Mãos. A ilustração dos referidos trabalhos mais uma vez foi de Selma Ribeiro.

O prêmio do ultimo concurso Cisne Branco, realizado no final do ano passado, também foi conquistado por três alunas da 8ª serie, Bárbara Sales de Oliveira, Edna dos Santos Araújo e o 3º lugar Deise da Hora aluna da 6ª série e a ilustração foi de Roseana Penalva.

Por essas três conquistas, consecutivas, do Concurso Operação Cisne Branco, a Escola Anfrisia Santiago é tricampeã.

Por este motivo, parabenizo a diretora Josefina Maria Nunes Leite que de bom grado, deixou livre o campo de Zaíra para que a mesma pudesse empregar todo seu conhecimento e criatividade, para descobrir os novos talentos na comunidade estudantil.

A você, Zaíra, meu respeito e admiração pelo seu brilhante desempenho.

A partir do momento que a imagem dos nossos educadores seja prestigiada e seu imenso valor reconhecido, a humanidade passara a seguir feliz pela brilhante estrada do progresso.