LEMBRANÇAS

Há coisas que marcam a nossa vida, ao ponto de, se fecharmos nossos olhos e nos concentrarmos, as memórias praticamente se tornam paletáveis, sensoriais... não chegam ao grau de sinestesia, mas os sentimentos e emoções que elas nos trazem são reais.

Eu já sofri muito com essa capacidade de ruminar lembranças - especialmente pela impossibilidade de mutabilidade do que aconteceu e de suas consequências. Não há qualquer racionalidade nisso, apenas um forte e quase dependente vício pessoal, uma literal tortura psicológica.

Muitas vezes, deixamos de viver a realidade por nos ancorarmos no passado... eles impedem com que consigamos viver naturalmente. A expectativa remota de mudança às vezes nutre esse sentimento de redenção... mas a linha tênue que separa o consciente e o subconsciente faz com que uma hora despertamos do sonho.

Não consigo ser feliz no presente sem uma expectativa de futuro; não consigo ser feliz agora por não me desvincular do passado. Eu estou lúcido o bastante para concluir que não sou feliz, e ao menos sei quais atitudes posso tomar para modificar essa situação.

Não é fácil, mas necessário... em algum lugar existe a possibilidade de realizar meus sonhos, acalmar minha alma e principalmente ser feliz. Mas no momento, mais que especular sobre o futuro, necessito, com toda a minha fé, me desvincular de lembranças que me assolam como fantasma...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 14/11/2014
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