Crônica sobre nada
Por que será que achamos o nosso cotidiano tão engraçado? Já percebeu, toda vez que comentam sobre a dificuldade por todos nós enfrentada ao abrir as embalagens de cds – na época que eles custavam quinze e noventa – caímos na gargalhada? É tão cômico assim demorar sete minutos para conseguir abrir o maldito plasticozinho que protege – e muito bem, diga-se de passagem – o compact disc? Pois eu acho. E aposto que você também. Noutra coisa que aposto é a existência de uma explicação científica para tanto. As situações que vivenciamos ficam gravadas no córtex central do lado esquerdo do cérebro, próximo à área responsável pelo humor. Podia ser, né?
Uma coisa que realmente tem explicação científica é o bocejo. Não o ato em si, que se formos analisar é bizarramente estranho, mas a nossa peculiar insistência em bocejar logo após ver alguém bocejando. É incrível. Até a palavra por si só já dá vontade de abrir o bocão. E não é Royal. Imagino um bando de lingüistas reunidos num cômodo iluminado pela luz opaca de uma única lâmpada dando nomes para coisas numa nova língua:
- E isso, do que podemos chamar? – e segura um livro.
- Começa com L... li... livro!
- Isso! Livro.
- E isso aí? – aponta para o companheiro morrendo de sono.
Começam a escrever letras e ditongos, até que chegam a BOCEJO. Todos concordam, bocejam e vão dormir.
Mas enfim, existem certam células em nosso corpo chamadas neurônios espelhos. Elas nos levam a agir imitando os outros e não apenas de acordo com o nosso cérebro. Interessante, não? Pois é, Bruno Calzavara também é cultura.