O SILÊNCIO DE CRISTO.
“Uso a palavra para compor meus silêncios.”
Um pensamento do poeta Manoel Barros desaparecido aos noventa e sete anos. A licença poética não deixa de instigar. Valha a magia que a poesia recepciona sem restrições. Não poderia ser de outra forma.
A palavra ganha espaços e se é para compor silêncios nada mais faz que externá-los, como a publicidade da reflexão encimada. E o silêncio por princípio de sentido é silencioso, não se dissemina, é intimista, segredado e mais que segregado como fez o poeta. Deu asas ao silêncio, tirou-o do cárcere da alma.
Falo muito sobre silêncio, escrevo sobre ele, manifesto seu exercício e suas qualidades, seus dons, especiárias, enfim não deixo meu silêncio silencioso, quase o faço gritar, sufrago sua apologia.
Sobre compor silêncios com palavras, quis ir além do possível, na vontade do impossível, me voltei para Jesus de Nazaré, o Cristo. Seus silêncios, que desconhecemos, como seriam?
De sua palavra conhecemos uma reportagem histórica por evangelização, o que Ele disse, mais nada, nem poderia assim pretender a história, sobre Seu silêncio.
De seu precioso silêncio nada sabemos, nunca saberemos, não compôs Seu silêncio com palavras. Com palavras ensinou, quem sabe, não tudo de Sua silenciosa reflexão. Todos precisamos do silêncio que não compõe palavras, é só nosso, até porque palavras não podem transmitir silêncios. O silêncio é maior que a palavra.