BOLHA

Ontem, uma amiga acabou dando um feedback importante, que eu em minha bolha particular de insuficiência e melancolia, não tinha percebido: eu sou muito passional em meus textos, e acabo transmitindo aquilo que estou sentindo e, com isso, acabo não conseguindo me desvincular com essas emoções e sentimentos.

Escrever, mais do que um mero exercício para mim, acaba sendo um momento de reflexão, fazendo eu deliberar sobre os meus problemas... mas nem isso acaba sendo uma solução.

Invocando a teoria de Platão acerca das ideias, e o mundo sensível como uma cópia do mundo ideal... infelizmente, não consigo vislumbrar nada próximo disso. Me sinto como um integrante do Êxodo, que caminhou durante quarenta anos pelo deserto atrás da Terra Prometida... e quando encontrei, ela não foi aquilo que esperava.

Não trata-se de renegação da minha fé... muito longe disso... ainda nutro esperanças legítimas de que ainda tenho muitas obras para fazer... senão, não teria tido tantas oportunidades de sobrevivência.

Mas acreditar que Jesus Cristo é nosso salvador, e agir de acordo com os ensinamentos, não representa que estamos isentos da infelicidade - apenas que estamos assegurando uma vida espiritual.

Estourar essa bolha, que faz com que eu sai de uma zona de conforto e transpasse para o outro lado do espelho, como diria Lewis Carrol, é como enfrentar uma enorme resistência interna, psicológica e mesmo física. Não é deixar de acreditar que existam outras realidades que posso viver, mas sim não deixar de me frustrar com o fracasso.

Errar é humano, saber admitir os próprios erros é uma virtude... e conseguir conviver e aceitar os erros dos outros é um exercício de paciência e introspecção, pois contraria a nossa própria natureza. Saber perdoar... eu confesso que não cheguei a esse estágio espiritual.

De qualquer forma, eu tenho a hipótese de seguir em meu mundinho particular, composto por mim mesmo... ter apenas a minha sombra como companhia... ou seguir em frente... procurar soluções paliativas ou aventurar-se até encontrar aquilo que me faça feliz...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 13/11/2014
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