Giz de cera .

Sempre que escrevo canções, com o violão em punho , procurando rimas nos acordes e no papel, deslizo o dedo para o gravador a cada pedaço que gosto, e este é meu ensaio cru e solitário, que pouco a pouco, em dias seguidos se transformará em um pedacinho de mim de alguma forma.

O desenho também faz parte da minha vida desde muito cedo, desde os primeiros lápis "Goya",com aqueles caderninhos .Mergulhando !Sempre fui concentrado, e posso estar no meio de uma multidão, que se algo me prende a atenção, mergulho fundo, é como se nada existisse a minha volta. Sempre consegui ler livros no metrô, levar um "papo cabeça" na praia lotada, gargalhar no restaurante, como se estivesse vazio, sem perceber, e olhe que sou de uma timidez a toda prova, embora a minha esposa diga o contrário.

A minha mãe me ensinou o desenho, embora não soubesse muito da arte, mas tinha seu estilo próprio, e nunca, nunquinha de nada recusava um pedido de ;- Mãe faz um esquilo, uma tarântula, um porquinho, em alienígena..." E lá ía a coitada buscar no seu arquivo mental, um possível formato que se parecesse pelo menos um pouco...Me lembro que o alien sempre tinha três cornetas na cabeça, uma que saia do alto da cabeça, e duas no lugar das orelhas...E na minha inocência , adorava, era mágico. Ela dizia que era um marciano, e eu lhe perguntava de que cor deveria pintá-lo . _ "De verde , é claro, todos os marcianos são verdes, você não sabia ?"

Desenhava um penitente, ( aquele da semana santa ), com túnica e capuz, e era o meu avô, pois ele costumava sair às ruas , em sua fé , "El hermano mayor", e com o lápis violeta o coloríamos, e isso era muito importante para nós.

Muito bem, essa paixão que nunca se acaba, continua até hoje, e nem poderia ser diferente, ainda paro nas vitrines das papelarias , encantado com os lápis de cor, giz de cera, e se me pedirem para desenhar, o farei com imenso prazer. Tenho o dom, é uma coisa que faço bem , e me dá um grande prazer .

Quanto a minha máe, se foi , ou será que se foi mesmo ? Acho que não, pois ficou em tantas pequenas coisas , que somos, e nos trazem mais do que saudade, alegria.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 11/11/2014
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