COMO VINHOS!
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A minha esposa Yara Queiroz, no dia de seu aniversário, em 10 de novembro de 2014!
Como vinho, estamos envelhecendo juntos dentro de um barril de carvalho, eu e a Yara Queiroz. Estamos diferentes, melhores em nossos defeitos, mais experientes em nossas vidas e mais confiantes e maduros em nós mesmos!
Como se fôssemos pés de vinhas velhas em um parreiral, somos vinhos da melhor safra, sabor e qualidade e sabemos que a estamos produzindo de uma mesma qualidade porque o tempo que separou nossas vidas foi de apenas nove meses. Estamos vivendo a nossa mesma idade de vida e de tempo. O envelhecimento é só um detalhe sem muita importância. Estamos amadurecendo juntos há 17 anos; eu, sem muita qualidade de vida, ela, com alguns problemas de pressão alta e diabetes tipo 2, controlados com medicamentos e exercícios físicos. Suas amigas, Francisca da Silva, a “France”, do Rio Grande do Norte e Joseane Farias, da Paraíba, fizeram-lhe surpresa e compareceram. Minha esposa está ficando madura e cada vez melhor, como o melhor vinho que podemos colher!
Se não está mais com seu corpo de sereia, isso não tem a menor importância: são marcas do tempo e o tempo não separa cultura, formação, qualificação e atinge a todos indistintamente. Se está com cabelos pintados, pouco importa porque continuo amando-a. Estamos hoje igualando nossas idades. Mas, também, quem mandou eu nascer nove antes de minha esposa? O tempo só nos amadurece e nos transforma em sábios e nos ensina com sua sabedoria, nos orienta a fazer trilhar nossos filhos pelos caminhos corretos!
Estamos envelhecendo juntos, como vinhos. Também corremos contra a correnteza e nos encontramos no “encontro das águas” dos rios Negro e Solimões. Brigamos e nos abraçamos num encontro maravilhoso e espetacular. Invadimos e gravitamos um no espaço do outro, mas é normal e necessário. Nosso reencontro, depois de ambos casados, se deu na Faculdade. Já nos conhecíamos. Ela me detestava porque usava cabelo e barba grandes. Na cantina, estava dentro de um vestido longo amarelo como a cor do Rio Solimões. Eu, como já disse, com barbas e cabelos já curtos, mas negros, com um sinto branco segurando minha calça preta. Hoje, pintados cor de prata, a barba e o cabelo, me recuso a usar tintas e me orgulho de tê-los assim: cor da experiência, maturidade e responsabilidade! Quanto mais brancos ficarem, mais me sentirei seguro em minha insegurança sem saúde, com saúde precária, infectado por bactérias hospitalares incuráveis e visitando médicos, tomando remédios e me submetendo a inúmeros exames. Faço de minha vida o melhor que Deus e os médicos podem dar-me.
Não me importa se o tempo passou e nos envelheceu. Se nossos filhos mudaram a forma de minha esposa e lhe tiraram a beleza, a graça e a juventude do passado. Isso não fez a menor falta ou diferença, afinal o tempo passa para todos e também serve para destruir o que já fora belo, moldando o que se tornará perfeito pelo aprendizado de vida O mesmo tempo destruidor pode nos permitir viver mais amadurecidos. A Yara é quase perfeita, com poucos defeitos! Eu também tenho aos meus. Não podemos nos queixar do que vivemos, mais dos sonhos que o tempo não nos permitiu que fossem realizados. O tempo e só o tempo, passa rápido, mas nunca envelhece nosso espírito. Não podemos esquecer que nascemos nus e agora temos roupas para nos cobrir. Não importa se hoje não temos mais as agilidades e a destreza do passado. O tempo é assim mesmo, nos tira umas coisas e nos dá outras...!
O que importa é que somos vinhos: ficando velhos juntos e mais saborosos para nós mesmo e para os outros!