O segredo do doutor farmacêutico

O segredo do doutor farmacêutico!

Antigamente era mais fácil, as cidades não tão populosas, notícias viajando em lombos de burros, jardineiras fumacentas, tecotecos, levavam quase um século para circular, então os segredos ficavam restritos, guardados entre poucas chaves!

Hoje em dia, com a tal da TI, instantaneamente, se pulveriza um segredo. Não tem graça! Mas de toda forma, conto assim mesmo.

Tudo começou por causa de um ui. Outro dia, ao receber a visita do tio escritor. É, escritor com livros editados e prêmios em concursos literários Brasil afora. O tio escritor veio matar as saudades dele, da tia, sua esposa, das minhas e da Mere, minha companheira. Já se iam dias os festejos, as rememorações, as cismas, as matutagens, até que o tal ui cortou, ao meio, uma recordação dos tempos em que as lembranças eram eternizadas a bico de pena.

Que foi?

Foi o grito geral.

Nada não. São estas unhas, corroídas pelo tempo, que não me perdoam os pecados. É só mudar a lua, vem elas... já fui em doutor médico, podólogo, manicure... já queimei, cortei, arranquei... elas voltam...

Ai, uma amiga comum, abriu a bolsa, tirou lá de dentro um vidrinho de plástico, pediu licença ao tio escritor, pingou uma gota em cada unha lazarenta e vaticinou: amanhã o senhor me conta!

No outro dia, nem havia amanhecido, o tio escritor me gritou e mostrou o milagre, as unhas esfarelentas recompondo.

Foi difícil esperar amanhecer. Liguei para amiga e fiquei sabendo a origem do remédio milagreiro. É da Farmácia Medicinal, do Alberto, que formou em Presidente Prudente, trinta anos atrás!

Corremos lá.

Não passou despercebido o olhar desapontado do tio escritor ao ler, no corpo do vidrinho, a composição da poção mágica. Os doutores médicos já haviam receitado tudo aquilo e ele usara mais de mil vezes sem resultado.

Voltamos para casa. Conectamos a amiga.

Ela, sorrateiramente, sussurrou: preocupa não, usa. O doutor farmacêutico sabe o que faz!

Esta semana o tio escritor ligou e deu notícias das unhas, todas novinhas, em seus mais de 80 anos.

A curiosidade de escritor quis saber o que teria na composição além daquelas substâncias tão corriqueiras?

Fiquei pensando, matutando o que poderia ser: benzeção, magia, mediunidade... ah! tio, seja lá o que for, é o segredo do doutor farmacêutico!

João dos Santos Leite

Psicólogo – CRP 04-2674

Ituiutaba, 07/11/14

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 10/11/2014
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