CONVERSANDO COMIGO
Mais um ano, uma etapa vencida.
Tudo muito leve, feito a areia que o vento move. Assim, trouxe-me o tempo até aqui.
Trinta anos vivi com meus pais e irmãos, trinta com o homem que Deus me deu e com os filhos, cada um a seu tempo, claro.
Divisor de águas, elas que se somaram e se multiplicaram.
Exatamente em duas partes iguais foi o meu viver, até agora, junto aos meus. O doce sabor da vida, que intensamente vivi, credito a ambas e a Deus, este Pai Terno que me presenteia diariamente, desde que fui gerada.
Trinta anos sob o teto de meus pais e trinta no lar que meu marido e eu formamos, juntamente com nossos filhos. Da soma dos dois, o resultado é totalmente positivo.
No percurso desses sessenta anos (nossa! É bastante!) abracei amores de familiares e agregados: nora, genro, cunhadas, cunhados, sobrinhos, tios, primos, parentes que chegaram via casamento, amigos, pessoas que se tornaram irmãs por afinidade, companheiros de trabalho, alunos, colegas de infância e de vida estudantil, enfim...
Com a Graça de Deus, posso garantir que sempre fui e que sou muito feliz.
Todavia, não me prevaleço disso nem digo que encontrei a verdade. Conforme disse Gibran, eu “encontrei uma verdade”, eu não digo que encontrei o caminho da alma, mas que “encontrei a alma andando em meu caminho”. Segundo ele, a alma anda por todos os caminhos e não marcha numa linha reta nem cresce como um caniço. “Ela desabrocha, qual um lótus de inúmeras pétalas”.
Todos os dias, gasto um momento da vida, para agradecer a Deus e aos Anjos Benfeitores pela oportunidade de mais uma manhã e pelos amores colocados em meu caminho. Peço-Lhes que deem proteção a todos e, de alguma forma mística, que não consigo explicar, esse momento se prolonga em minha mente por muitas horas. Desta conversa diária que tenho com o Pai Celeste, percebo que tenho dias pacíficos.
Nada é perfeito, assim como não o é ninguém. A busca da perfeição e o desejo da tranquilidade interior são conflitantes, óbvio. Por isso, fiz as pazes com a imperfeição e não exijo que as coisas sejam diferentes do que são. Com isto, aprendo que, embora haja sempre uma maneira melhor de se fazer as coisas, isso não nos deve impedir de apreciar a maneira como elas são, no momento.
Meus atuais sessenta anos já me permitem eliminar a obsessão pela perfeição em todas as áreas da vida e, assim, vou descobrindo a perfeição na própria vida. Respeito o corpo perfeito que o Pai me deu e cuido dele, esta máquina tão complexa!
Assim, agradeço por tudo que sou e que tenho, agradeço pelas pessoas que encantam minha vida e, principalmente, por ter chegado até aqui, de forma tão bonita e agradável.
Dalva Molina Mansano
07.11.2014
10:05