Poder, bravatas e fantasias

Um poder capaz de decidir destinos, vidas.

Uma palavra, uma assinatura ou até mesmo um simples gesto basta para sacramentar suas decisões.

Entrava, saía, sem pedir passagem.

Mandava, cumpria-se.

Anos e anos seguidos; mandava, cumpria-se.

Ao seu gosto teatraliza-se simples, singelo e acolhedor.

Ao seu gosto exibe-se “in persona”, sua frieza, seu calculismo implacável e impiedoso.

Estratégias! Mecanismos de rei macabro.

Não um rei de comando, mas de mandos, um pseudo-rei e por esse e demais motivos, exige titulações e honrarias.

Rei real não impõe. É naturalmente entronizado. Não se prende ou se cansa com o peso do cetro, coroa e nem mesmo do pomposo traje real. Utiliza tais apetrechos de honrarias com leveza, diferentemente do falso rei que a ostentação pesa-lhe as ancas.

Assim seguia seus dias, sem traumas ou remorsos.

Não foi posto pois fez-se rei, com poderes de rei.

Não foi deposto e sim, “decomposto”.

A “decomposição” é uma substância poderosa, implacável, porem justa. Não faz discriminações, trata a todos por igual, elemento fatal para este tipo de rei. Nivela-o as pessoas, as coisas e a tudo mais que se decompõe. Coloca-o morto em vida e, do que vale um rei morto?

Que poder tem um rei morto?

Para um falso rei: N e n h u m!

Um rei de “carnaval”, eventual, de fantasia, que necessita manter-se rei. Diferente de um rei real que são imortais pela beleza de sua realeza.

A verdade nua e crua é que esse rei foi “decomposto” e assim, perdeu seu posto.

O rei ficou inerte a ação dessa substância soberana.

Tentou fazer valer daquele seu antigo poder. Em vão!

Ficou impaciente e irritado. Vociferou, desesperou, até que sem forças, usou o último recurso do rei decomposto: “a ilusão”.

Mergulhou em bravatas inglória e nas fantasias de seus dias de nefasto rei de outrora.

Conheço muitos reis postos por legitimidade.

Grandes monarcas, reais reis! Que comandam, agregam e libertam seus súditos com maestria e requinte.

Uns se vestem de batinas ou togas negras, outros de branco da camisa ao sapato, outros de colarinho branco e gravata, outros até com simples macacão cinza e capacete de fibra multicor.

Mas infelizmente também conheço alguns desses falsos reis, que usam os mesmos trajes para aprisionar e ceifar esperanças de pessoas que apenas desejam ser felizes.

João Azeredo
Enviado por João Azeredo em 07/11/2014
Reeditado em 08/11/2014
Código do texto: T5027020
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