O QUE EU GANHEI ESCREVENDO POESIA?
Os amigos às vezes perguntam se ganhei algum dinheiro com as minhas poesias. O que me leva a um auto-questionamento: o que eu realmente ganhei até hoje com os poemas que escrevi?
Financeiramente, o retorno que tive com os livros que lancei ou participei foi quase nulo. Geralmente o poeta só fica famoso e vende bem depois que morre. E como eu tenho que pagar as minhas contas ainda nesta existência, sou obrigado a atuar em ofícios não muito poéticos.
Devo ter cativado algumas fãs nestes recantos poéticos da mídia. A maioria confundia o criador com a criatura, daí o engano: na poesia pareço ser um Don Juan, mas na realidade sou um quarentão meio mal desenhado, com as dúvidas e inseguranças de um adolescente de treze anos.
Tive algumas namoradas, mas nenhuma ficou comigo muito tempo. Uma esposa, uma separação...
Sendo assim, por que insisto em cometer meus poemas?
Por que é uma sina - ou carma - que me acompanha desde que conheço por gente. Um vício não destrutivo que não quero abrir mão.
E também por que é o que me salva de sucumbir ao tédio ou ao desespero naqueles dias em que minh'alma amanhece meio lúgubre e melancólica.