SOBRE A BURRICE.

Numa determinada discussão, geralmente é uma pessoa cheia de ideologias sem ser capaz de parar, de refletir, analisar sua posição

de fazer críticas, auto críticas, ou de simplesmente ouvir o outro:

-Esse é o burro!

A burrice muitas vezes acaba se convertendo em violência, racismo, discriminação , enfim, todo o tipo de ódio como estamos cansados de ver.

De certa forma, toda filosofia boa, carrega em sim uma crítica à burrice. A burrice é intolerável para o filósofo! Tanto que, ao longo do tempo, vários filósofos trabalharam em cima da burrice e isso não faz deles arrogantes, prepotentes, como muita gente chama aquele que denuncia a burrice. Na verdade, podemos dizer que isso faz deles heróis. Temos nesta linha, Sócrates, Adorno, Schopenhauer, Nietzsche e diversos outros que ao longo do tempo trabalharam em cima desta questão, o próprio Kant, Platão ( Mito da caverna).

Todos, de certa forma, estamos condenados de, em algum momento de nossas vidas, sermos burros. Não basta pormos nossos títulos como escudos da burrice.

Tem doutor burro, advogado burro, médico burro e até filósofo burro. No Brasil temos exemplos de filósofos burros, como; Rodrigo Constantino, que nem é, mas posa como se, com isso passa por, pois diz ser um “pensador livre” e até dá-se ao direito, como colunista, de tecer críticas a alguns filósofos. Ainda no Brasil, temos como bom exemplo de burrice, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. que chegou ao extremo da burrice, ao incitar, via Twitter, estupro a Raquel Sheherazade, num clássico caso de misoginia.

Pelo mau uso do termo burro, burrice, especialistas aliados a uma cultura de ressentimentos, tornam-se pessoas extremamente auto defensivas, que colocam toda uma carga ofensiva em cima da palavra burro.

Sei que há uma maneira mais “suave” de a v i s a r uma pessoa que ela é burra, por exemplo:- dizer que a mesma está tendo uma atitude irracional, que ela está agindo dogmaticamente, que ela está “empacando” o raciocínio e o diálogo, etc. Mas eu acho isso uma “frescura”, uma atitude demasiado “coxinha”, ás vezes o indivíduo burro, precisa de uma chacoalhada mais forte para acordar de seu sonho dogmático. Veja : - Eu não posso falar com um neonazista

e não chamá-lo de burro, eu não posso falar com alguém que agride

um animal, sem dizer que o sujeito é um fdp, assim com o eu não posso ver um marido agredindo sua esposa e não ir até lá e dar um murro na cara do sujeito, ou seja, eu sou definitivamente anti- frescurinha, anti- playboizinho, anti- politicamente correto, por isso eu chamo de burro sim, àquele que empaca e não quer ir pra frente. Por exemplo, discutir sobre política, sobre religião, até mesmo discutir sobre novela e futebol. Tem gente que consegue ser burra, até para interpretar uma novela, claro, no caso da novela, eu não preciso chamar de burro, não preciso dar uma chacoalhada, etc. Porém, quando a discussão entra no nível político, quando entramos num nível que vai interferir no dia a dia das pessoas e/ou, até nos direitos das pessoas, aí a chacoalhada tem que ser mais forte, exatamente para evitar futuros preconceitos, criação de medo, ameaças e até violência, que sabemos existir e ela sempre parte dos burros. Assim sendo, tal como o médico, tem autoridade para observar sintomas, diagnosticar doenças e prescrever medicamentos, da mesma forma que o médico, o filósofo tem autoridade pra observar os argumentos das pessoas – seriam os sintomas –, diagnosticar doenças – no caso a burrice, o fanatismo, a ignorância, etc.- e receitar remédios, como por exemplo, estudo, leitura, reflexão, etc.

Então, dessa forma, o filósofo quando chama alguém de burro, nem sempre é uma ofensa, na grande maioria das vezes, é um diagnóstico.

Bem, para não dizer que não citei, para não colocar o filósofo como uma espécie acima dos homens, o filósofo deve também saber observar os seus sintomas para não se tornar, ele, um burro, por que quando um filósofo se torna um burro, o estrago é muito maior.

Dirceu Kommers

(Pensador, escritor, poeta, historiador)

Dirceu Kommers
Enviado por Dirceu Kommers em 06/11/2014
Reeditado em 06/11/2014
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