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BOLETIM ESCOLAR
A manhã sorria, eu lhes garanto. Vinha com manto dourado de raios do sol e a tez úmida da aragem. Como costumeiramente faço, cumprimentei-a, também sorrindo.
Em passos lentos, sorvendo o perfume da primavera, fui até o colégio receber o boletim de uma filha. Foi, então, que a nuvem espessa cobriu meu sorriso, pôs obstáculos na respiração, alfinetou meus sentimentos.
Sai cabisbaixa, com o famigerado quadrado branco repleto de notas vermelhas.
Na subida da rua, ao retornar para casa, alguns pingos de orvalho, descidos das árvores compadecidas, misturaram-se ao molhado de meus olhos.
Até o tuc tuc do meu coração retumbava em meus ouvidos, impedindo-me de ouvir a voz dos pássaros.
Sei que já devia estar calejada e receber a notícia sem sofrer. Sei. Mas quem manda nos sentimentos?