CURIOSIDADES DO MUNDO INFANTIL
Ysolda Cabral
"Mamãe, cadê a minha danda? Eu quero a minha danda! Como vou para o colégio sem a minha danda?!"
Sem saber o que era danda, mamãe procurava por toda casa alguma coisa que pudesse ser uma danda. Desamparada, desconsolada e de cara inchada de tanto chorar, me deixava levar para o colégio. Até que amanheceu chovendo e mamãe descobriu que a danda era a minha linda sombrinha colorida.
Sem saber o que era danda, mamãe procurava por toda casa alguma coisa que pudesse ser uma danda. Desamparada, desconsolada e de cara inchada de tanto chorar, me deixava levar para o colégio. Até que amanheceu chovendo e mamãe descobriu que a danda era a minha linda sombrinha colorida.
Já o meu irmão, aos quatro anos, queria, porque queria, saber a razão da galinha não ter alma; da vizinha negra, com marido branco, ter filhos brancos e negros, e por aí a conversa começava...
Minha filha, aos três anos, queria que eu desse um jeito de mandar fazer um transplante de bondade na coleguinha que vivia mordendo e batendo em todo mundo na escola.
Minha sobrinha, com quatro anos, queria que minha irmã fosse educar os filhos da vizinha a qualquer custo, para que eles parassem de arengar, e não entendia por que minha irmã não ia.
Já minha colega de trabalho foi buscar a filha de dois anos e quatro meses na escola, e ela cismou que só sairia de lá com o pípeli. "Pípeli?!! Mas, afinal, o que é pípeli?" "É pípeli!! E eu quero ele!! Mamãe, vá buscar o meu pípeli!!" Fincou pé - daquele jeito ''daqui não saio, daqui ninguém me tira'' - até que o pai, cansado de esperar no estacionamento, resolveu verificar o que se passava. Ao se aproximar, a filha feliz da vida, gritou: ''meu pípeli!'' Foi assim que minha colega compreendeu que pípeli era princípe. O princípe encantado das histórias infantis da maioria das meninas.
O filho da outra colega, de quatro anos, queria saber a razão dos passarinhos não levarem choque nos fios de alta tensão espalhados por toda cidade...
Diante de tantas evidências,de tantos fatos concretos, concluo que desde a mais tenra idade somos criativos, curiosos, seletivos, sedentos de atenção, de carinho, e extremamente necessitados de sermos compreendidos, muito antes de compreender.
Então, do mundo infantil para o mundo adulto pouca coisa muda, a não ser as marcas do tempo.
Até que enfim descobri o que sou: sou menina desde pequena!
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Praia de Candeias-PE
Em ondas de birras infantis
3ª. Feira - 04.11.2014
3ª. Feira - 04.11.2014