É Festa
Uma prima está há cerca de 10 dias sem internet e telefone em casa. Problemas com a operadora lá deles, no Rio.
Temos nos falado por whatsapp, onde ela tem dado notícias do que andam fazendo por lá em momentos de crise de comunicação e, para minha surpresa, só dá Ivan Lins: É festa, é festa, é festa!
Daí, me pergunto… Antes de ficarem incomunicáveis, onde estavam todas essas pessoas das fotos que ela compartilha conosco agora? Não existiam?
Volto à minha realidade e percebo que há algum tempo não vou a festas, teatro ou cinema. Este final de semana mesmo, foi aniversário do namorado de uma sobrinha - comemorado com feijoada na casa da avó dele - e de uma amiga, com sarau lítero-musical. Não fui a nenhum dos dois e não dá para dizer que a culpa foi da Internet, como se poderia supor, mas do espírito de dona Maria que baixou em mim. Passei o dia faxinando o quartinho da garagem que estava literalmente caótico. À noite, exausta, deixei o sarau para outra ocasião. Lembrei-me daquelas cenas antológicas de comédia americana, quando a garota dispensa o sujeito com algum desculpa boba do tipo “Não vai dar… Vou lavar o cabelo”. E vi que, de certa forma, minha razão para não ir aos dois programas, aos olhos dos aniversariantes, também pode ter soado um tanto banal.
Não foi. Minha casa andava meio abandonada há algum tempo. E aí, posso, sim, culpar a internet, devoradora de horas, nem sempre de forma útil, já que minha produtividade literária também anda meio devagar.
Resolvi dar uma sacodida e arrumar um pouco as coisas, reservar mais tempo para a atividade física, já que a prática do tênis sem suporte muscular estava me aleijando, me dedicar mais ao trabalho, à literatura, aos bichos e à casa. Aos pouquinhos, estou conseguindo e é um processo que exige persistência.
Mas… E os amigos, a família? Será que, como os da minha prima, só voltarão a existir quando alguma coisa vier atrapalhar minha rotina?
Existe um cumprimento africano que condiciona a existência de uma pessoa para a outra, na medida em que esta outra a respeita, reconhece seu valor e sua importância. Que prioridade eu dou aos meus amigos - inclusive os virtuais? E à minha família?
Não há como negar que eu os amo, gosto de estar com eles e sinto a sua falta, mas, talvez, eu não os esteja permitindo existir para mim.
Por outro lado, sei que existo para eles na mesma medida em que me respeitam, em que valorizam inclusive as minhas escolhas de prioridades.
O bom da amizade é que ela é mesmo uma moeda linda e dourada de duas faces. Mesmo que uma delas às vezes fique meio embaçada, cuidando de outros assuntos, sabemos que ela está lá e nos respeita, nos dá importância e valor. Logo, ela volta a brilhar. E aí, dá-lhe Ivan: É festa, é festa, é festa!
Temos nos falado por whatsapp, onde ela tem dado notícias do que andam fazendo por lá em momentos de crise de comunicação e, para minha surpresa, só dá Ivan Lins: É festa, é festa, é festa!
Daí, me pergunto… Antes de ficarem incomunicáveis, onde estavam todas essas pessoas das fotos que ela compartilha conosco agora? Não existiam?
Volto à minha realidade e percebo que há algum tempo não vou a festas, teatro ou cinema. Este final de semana mesmo, foi aniversário do namorado de uma sobrinha - comemorado com feijoada na casa da avó dele - e de uma amiga, com sarau lítero-musical. Não fui a nenhum dos dois e não dá para dizer que a culpa foi da Internet, como se poderia supor, mas do espírito de dona Maria que baixou em mim. Passei o dia faxinando o quartinho da garagem que estava literalmente caótico. À noite, exausta, deixei o sarau para outra ocasião. Lembrei-me daquelas cenas antológicas de comédia americana, quando a garota dispensa o sujeito com algum desculpa boba do tipo “Não vai dar… Vou lavar o cabelo”. E vi que, de certa forma, minha razão para não ir aos dois programas, aos olhos dos aniversariantes, também pode ter soado um tanto banal.
Não foi. Minha casa andava meio abandonada há algum tempo. E aí, posso, sim, culpar a internet, devoradora de horas, nem sempre de forma útil, já que minha produtividade literária também anda meio devagar.
Resolvi dar uma sacodida e arrumar um pouco as coisas, reservar mais tempo para a atividade física, já que a prática do tênis sem suporte muscular estava me aleijando, me dedicar mais ao trabalho, à literatura, aos bichos e à casa. Aos pouquinhos, estou conseguindo e é um processo que exige persistência.
Mas… E os amigos, a família? Será que, como os da minha prima, só voltarão a existir quando alguma coisa vier atrapalhar minha rotina?
Existe um cumprimento africano que condiciona a existência de uma pessoa para a outra, na medida em que esta outra a respeita, reconhece seu valor e sua importância. Que prioridade eu dou aos meus amigos - inclusive os virtuais? E à minha família?
Não há como negar que eu os amo, gosto de estar com eles e sinto a sua falta, mas, talvez, eu não os esteja permitindo existir para mim.
Por outro lado, sei que existo para eles na mesma medida em que me respeitam, em que valorizam inclusive as minhas escolhas de prioridades.
O bom da amizade é que ela é mesmo uma moeda linda e dourada de duas faces. Mesmo que uma delas às vezes fique meio embaçada, cuidando de outros assuntos, sabemos que ela está lá e nos respeita, nos dá importância e valor. Logo, ela volta a brilhar. E aí, dá-lhe Ivan: É festa, é festa, é festa!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Sawabona Shikoba
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