QUE MISTÉRIOS ESCONDE A MORTE?

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(crônica do Dia de Finados)

Quais sentimentos, segredos e mistérios se misturam no Dia de Finados, além dos que discutem nem sempre com bases cientificamente, as religiões, seitas e crenças de que seria o fim de tudo, apenas a morte do corpo e o espírito e a matéria continuariam existindo em outro plano ou seria só um novo renascimento para vida eterna? Não desejo discutir quem está certo ou errado nas crenças, religiões e seitas porque todos podem estar certos ou errados. Poderá surgir uma nova crença que explique isso! O certo é que nenhum morto retornou do reino, em corpo, alma e espírito para dizer o que existe ou não existe, o que é verdade ou o que é mentira, quem está certo ou errado! Mistérios!!!!

Caminhava com minha esposa Yara Queiroz, que visitaria a sepultura de seus pais, o advogado, tribuno e político do MDB, Francisco Guedes de Queiroz, falecido em 1987 e sua esposa Maria Luíza de Souza Queiroz, falecida no ano de 2004, em meio a uma profusão de sons, vozes, cores, flores e cheiros. Ao comprar rosas na Loja Dona Flor, encontrei um cidadão carioca, casado com uma amazonense, dizendo que Manaus era quente demais e eu lhe expliquei que a cidade não era quente, mas a unidade relativa do ar era muito elevada e lhe sugeri fazer uma experiência para comprovar: colocar uma folha de papel no para brisa de seu carro em local aberto, passar uma hora e voltar para constatar como a folha estaria totalmente molhada por gotículas invisíveis que fazem com que quase todos os amazonenses digam que a cidade é quente, transpirante e, em novembro, no dia de finados, sempre chove no final da tarde para diminuir o calor!

Enquanto me dirigia em meio a vozes ofertando flores, velas e fósforos, sempre agradecia a todos dizendo “não, obrigando”, lembrando que na década de 70, vendia velas na calçada da indústria Amapoly, na Rua São Benedito, no Morro da Liberdade, inclusive oferecendo fósforos de graça na compra dos quatro maços de velas. As pessoas me viam como um invisível e perturbador menino abordando-os e oferecendo as minhas velas, flores de plásticos etc. Vendia de tudo que fosse honesto: picolé no verão, cascalho, jornal, velas e tudo o que ganhasse dinheiro com honestidade. Muitos passavam por mim e se desviavam ou me chamavam “menino chato” e sequer agradeciam ou me diziam obrigado. Eu era insistente e me orgulho do que fazia e esse sentimento de agradecer a quem me oferece flores, velas etc., sempre respondo e vou me desviando!

Dentro do cemitério, observei o coronel PM Claumendes usando meias pretas nas pernas, envelhecido e caminhando lento ao lado de duas senhoras que o conduziam. O identifiquei porque fez questão de entrar com uma camisa bordada com seu nome. Caso contrário, não o reconheceria, porque conheci um coronel Claumendes ativo, atlético e convivi com ele por um certo tempo.

Dentro do cemitério, ombreadas por mangueiras carregadas, estão sepultados os pais da Yara, em uma mesma cova, ao lado das sepulturas da primeira desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas Nayde Vasconcelos Dias e do senador do Amazonas, Fábio Lucena, o único bi senador do Brasil. Mas, quando caminhava de mãos dadas, observei uma moça jovem de pele branca, elegante, bonita, usando um short jeans, vendendo vela, contrastando com outras pessoas que me ofereciam o mesmo produto, mas vestidas de forma inferior, dando-me a entender que fosse de classe social melhor. Ela sorriu e nada me ofereceu, mas eu a notei, afinal, sou um cronista e tenho que observar tudo com um olhar jornalístico, mas que não exerce mais e se encontra fora do mercado profissional há muitos anos. Segui a profissão de Assistente Social, mas não parou de correr sangue de jornalista em minhas veias! Minha esposa ficou preocupada e pediu sentasse em outro local porque poderia cair alguma manga em minha cabeça.

Uma missa seria promovida pela Rede Amazônica de Televisão, como ocorre todos os anos e já é uma tradição esperada. O palco jã montado pelo lado de fora do Cemitério São João, o mais antigo de Manaus. As caixas de som eram imensas e tocavam músicas cristãs em volume alto. Dentro do cemitério, saindo, ouvi uma jornalista nova de TV Amazonas perguntando ao cinegrafista “conseguiu pegar aquele som, aquela imagem”? “Sim, consegui”. “Vou usá-la quando for editar a matéria”. Também perguntei isso ao colega Mário César Dantas, que hoje dirige o “Blog da Floresta”, com muita competência, dedicação e zelo, quando era repórter da Televisão Baré, dos empresários José Airton Pinheiro e Eleonor Pinheiro!

Em meio a tudo, continuou minha dúvida: para onde vamos depois que morremos? Para o céu, para o inferno, para o purgatório? E o que acontecera com as pessoas que não me viam quando vendia velas e as “importunava”? Não sei, não sei! Esse é um mistério que carrego dentro de mim e não desprezo a ninguém que venceu com sua própria luta e estudos. Felizmente, hoje a Faculdade é acessada por muitos que conseguem terminar um curso superior. Na minha época, a sorte era para poucos, muito poucos mesmo e só para quem estudasse muito!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 02/11/2014
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